segunda-feira, 29 de maio de 2017

PORQUE EXISTE O MUNDO ?

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Em carta de 22 de Agosto de 1883, da Rainha Vitória para a neta, Princesa Vitória de Hesse:

Alertar-te-ia contra o tentar descobrir a explicação de tudo... Tentar encontrar a razão de tudo é muito perigoso e não dá senão desapontamento e insatisfação, intranquilidade, fazendo-te por fim infeliz.
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Jim Holt é um filósofo americano, ensaísta, colonista do The New York Times, do New Yorker, do London Review of Books e autor de vários livros, dos quais  o mais conhecido será o Why Does the World Exist?
Deste, que vale a pena ler porque escrito em linguagem clara, numa edição Kindle (on line) sobre a origem do Universo, destaco o seguinte passo em que põe o problema implícito no título. 
O problema com a opção científica parece ser o seguinte. O Universo compreende tudo que fisicamente existe.  
Uma explicação científica deve envolver qualquer tipo de causa física. Mas toda a causa física é, por definição, parte do Universo a ser explicado. Assim, qualquer explanação científica da existência do Universo está fadada a ser "circular". Mesmo que comece com qualquer coisa, mínima que seja — um "ovo" cósmico, uma pequena parte de vácuo quântico, uma singularidade — começa com qualquer coisa, não com nada. A ciência pode ser capaz de traçar como o Universo actual evoluiu duma realidade física  remota, indo atrás, até ao Big Bang. Mas, em última análise, esbarra numa parede pois não penetra no estado físico anterior, o nada. Isto é, pelo menos, a base principal em que os defensores de Deus se apoiam.
Historicamente, quando a Ciência se mostrou incapaz de explicar um fenómeno natural, os crentes foram 
sempre prontos a invocar o Artífice Divino para 
preencher a lacuna — embaraçados apenas quando a
Ciência, posteriormente, a preenchia. Newton, por exemplo, achava que Deus era necessário para, de tempos a tempos, fazer ajustes nas órbitas dos planetas a fim de não chocarem. Mas, um século mais tarde, Laplace provou que a Física era capaz de explicar a estabilidade do Sistema Solar. Quando Napoleão perguntou a Laplace onde estava Deus no seu esquema celestial, Laplace, alegadamente, terá respondido: "Não tive necessidade dessa hipótese".
Mais recentemente, crentes religiosos têm defendido que a selecção natural cega, só por si, não pode garantir a emergência de organismos vivos complexos e, portanto, Deus deve estar a "guiar" o processo evolutivo — ponto de vista veementemente contestado por ateus militantes, como Dawkins e outros darwinistas. Tais argumentos, de um  Deus "tapa buracos", envolvido em minúcias biológicas e astrofísicas, diz ele, tendem a rebentar nas bochechas dos religiosos que os invocam. E acrescenta: "Mas esses crentes sentem-se tranquilos e seguros perante a questão: Porque há tudo o que há em vez de nada? — o que também é verdade e uma  pergunta a que Dawkins não sabe responder.
Um dia, falarei sobre essa coisa da expressão "Haver nada", o que soa um nadinha a contradição. É "haver nada" uma contradição? Vou pensar melhor; depois digo, se chegar a alguma conclusão.
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