segunda-feira, 22 de maio de 2017

É SUPOSTO ESCREVER AQUI UM TÍTULO

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Matt Ridley é jornalista no The Times e hoje, a páginas tantas, escreve esta frase  num artigo sobre a obesidade: "Mesmo os optimistas admitem que algumas coisas estão a correr mal: coisas como os engarrafamentos de trânsito, o uso do apóstrofo e a obesidade. O artigo é sobre obesidade e, por isso, Ridley não esmiuça o apóstrofo; mas percebemos que deve ser problema complexo na Terra de Her Majesty: Thomas's house, com os dois esses, por exemplo; mas Bridges' appeal, só com um, inesperadamente; e por aí fora, por razões que levariam horas a digerir e não tenho robustez física para tanto.
Contudo, a passageira referência ao apóstrofo trouxe-me à memória coisas que se passam com o português, coisas modernas consagradas pelos jornalistas, donos actuais da língua portuguesa — hoje os únicos escritores da língua de Camões que são lidos; especialmente os do desporto. 
Por exemplo, "É suposto o Benfica ganhar a Taça de Portugal", ou "É suposto Jesus ir com o saco". Tais formas são gramaticalmente aceitáveis, segundo dizem, mas não são portuguesas de tradição. Eça, Camilo, Ramalho, Vieira e por aí fora, nunca usaram o "é suposto", tanto quanto sei. Não serão anglicismos, mas andam lá próximo: it's supposed.
A língua não é um bem preservado em dicionários e gramáticas, qual pescada congelada, e deve mesmo evoluir, se necessário adoptando expressões estrangeiras felizes, especialmente inglesas, pois o inglês é muito forte nesse aspecto. Mas convém não exagerar; sobretudo não descarrilar como quando se ouve dizer e vê escrever bacoquices como "Todos nós éramos supostos estar a escrever correctamente"! Puff...
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