Matt Ridley é jornalista no The
Times e hoje, a páginas tantas, escreve esta frase num artigo sobre a obesidade: "Mesmo os
optimistas admitem que algumas coisas estão a correr mal: coisas como os
engarrafamentos de trânsito, o uso do apóstrofo e a obesidade. O artigo é sobre
obesidade e, por isso, Ridley não esmiuça o apóstrofo; mas percebemos que deve
ser problema complexo na Terra de Her
Majesty: Thomas's house, com os dois esses, por
exemplo; mas Bridges' appeal, só com um, inesperadamente; e por aí fora, por
razões que levariam horas a digerir e não tenho robustez física para tanto.
Contudo, a
passageira referência ao apóstrofo trouxe-me à memória coisas que se passam com
o português, coisas modernas consagradas pelos jornalistas, donos actuais da
língua portuguesa — hoje os únicos escritores da língua de Camões que são
lidos; especialmente os do desporto.
Por exemplo, "É suposto o Benfica ganhar a Taça de Portugal", ou "É suposto Jesus ir com o saco". Tais formas são gramaticalmente aceitáveis, segundo dizem, mas não são portuguesas de tradição. Eça, Camilo, Ramalho, Vieira e por aí fora, nunca usaram o "é suposto", tanto quanto sei. Não serão anglicismos, mas andam lá próximo: it's supposed.
Por exemplo, "É suposto o Benfica ganhar a Taça de Portugal", ou "É suposto Jesus ir com o saco". Tais formas são gramaticalmente aceitáveis, segundo dizem, mas não são portuguesas de tradição. Eça, Camilo, Ramalho, Vieira e por aí fora, nunca usaram o "é suposto", tanto quanto sei. Não serão anglicismos, mas andam lá próximo: it's supposed.
A língua não é um bem
preservado em dicionários e gramáticas, qual pescada congelada, e deve mesmo
evoluir, se necessário adoptando expressões estrangeiras felizes, especialmente
inglesas, pois o inglês é muito forte nesse aspecto. Mas convém não exagerar;
sobretudo não descarrilar como quando se ouve dizer e vê escrever bacoquices
como "Todos nós éramos supostos estar a escrever correctamente"! Puff...
.
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