domingo, 31 de julho de 2011

COSTA CRUISES

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LETRAS DO BRASIL

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Quando no dia 10 de Junho de 1580, Luís de Camões expirava em Lisboa, na mais completa miséria, ao desamparo de todos, abandonado até de si mesmo, se alguém lhe dissesse que ele só morria para ficar imortal, talvez que o Poeta, esmagado como o Gladiador pelo seu próprio destino, sem que no vasto Anfiteatro uma voz, um gesto, um olhar, pedisse compaixão para ele, afastasse com indiferença essa esperança de uma vida que não é mais do homem, mas tão somente do seu gênio e da sua obra.
Entretanto, senhores, por mais que a consciência transforme numa tragédia pessoal cada um dos nossos sofrimentos, que aos olhos de um espectador desinteressado que abrangesse o interior de todas as almas, não pareceriam mais dramáticos do que a queda silenciosa da ave ferida no vôo, o que são todos os infortúnios reais e verdadeiros do Poeta, comparados à glória que nos reúne a todos, trezentos anos depois da sua morte, em torno da sua estátua?
O homem é o nome. A parte individual da nossa existência, se é a que mais nos interessa e comove, não é por certo a melhor. Além desta, há outra que pertence à pátria, à ciência, à arte; e que, se quase sempre é uma dedicação obscura, também pode ser uma criação imortal. A glória não é senão o domínio que o espírito humano adquire dessa parte que se lhe incorpora, e os Centenários são as grandes renovações periódicas dessa posse perpétua. [...]
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Joaquim Nabuco in “Camões”
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CARTAGO 2006

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SÃO OS RUSSOS NEGLIGENTES?

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Há cerca de três semanas, um navio de cruzeiro com 208 pessoas a bordo afundou-se no Rio Volga, morrendo mais de 100 dos que nele viajavam. Não tinha licença, levava excesso de passageiros e uma das máquinas estava avariada.
Esta madrugada, um pequeno barco de recreio colidiu com um navio no Rio Moscovo, morrendo nove das 16 pessoas que a bordo festejavam um aniversário. Além de navegar de forma nada ortodoxa, segundo testemunhas, o proprietário da embarcação, que também morreu, já havia sido condenado três vezes antes por infracção das normas de segurança e levava desta vez excesso de passageiros.
Os pormenores não interessam muito. O importante é a constatação da frequência de acidentes deste e outros tipos parecidos que ocorrem na Rússia e traduzem aparente displicência em relação a normas de segurança. Provavelmente, as coisas sempre funcionaram assim, incluindo no tempo da União Soviética. Inquietante!...
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TURISTAS VÃO À MESQUITA

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HÁ PROGRESSOS NA MADEIRA

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A política é actividade fundamental na vida dos povos e o seu acompanhamento, além de acto de cidadania indispensável e obrigatório, pode também ser actividade lúdica. E é bom que o seja, porque é forma de focar a nação no que fazem e dizem os seus dirigentes.
Ontem, na Madeira, Paulo Portas, líder do CDS e Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, na comemoração do 37º aniversário do partido  no Funchal, declarou que a política de endividamento do Governo Regional chefiado pelo PSD é “para lá do aceitável”.
Interrogado sobre a matéria, Alberto João Jardim respondeu que não podia responder, pois não sabe quem é Paulo Portas.
Tem piada, não ofende, e representa uma evolução na subtileza de Jardim que se regista e aprecia. Está a melhorar!
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ZÍNIA

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A zínia (ou zínea) - Zinnia elegans - é flor de Verão, originária do México. Pode ter várias cores, é muito bonita e apreciada por amantes da jardinagem de todo o mundo, sendo também cultivada em vasos.
A imagem acima foi tirada do blog “Horta à Porta” (sem consentimento!) e é a adaptação de uma pintura, também muito bonita, de Malema.
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O SEGREDO É A ALMA DO NEGÓCIO

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O caso do ex-director dos Serviços de Informação Estratégica e de Defesa, Jorge Silva Carvalho, percebe-se cada vez menos, em razão inversamente proporcional ao número de esclarecimentos que vão
surgindo. Primeiro não havia informações transmitidas à Ongoing; depois havia mas de um computador pessoal e com autorização superior. A seguir os superiores declaram não haver autorização nenhuma, e agora a autorização seria genérica e implícita, ao abrigo de um “programa de parceria com empresas nacionais estratégicas, em geral, e não, obviamente, a uma autorização para o envio de informação a empresas em particular, muito menos à Ongoing".
Que dizer sobre isto? O melhor é não dizer nada porque, obviamente, não se pode falar sobre o que é secreto; e estamos ocupados com um ex-director de um serviço secreto que, naturalmente, se ocupa de matérias secretas, de forma indispensavelmente secreta. Quem somos nós para nos imiscuirmos em tanto secretismo?
Mas permita-se uma reflexão. Conhecida que é a vulnerabilidade do correio electrónico, não acham estranho e tosco a troca de informações secretas entre o director de um serviço secreto e uma empresa particular por e-mail? Eu acho! Se foi correspondência legítima, já era muito tosco. Mas se foi qualquer coisa menos legal, então entramos no tosquíssimo.
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OLÍMPIA

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O local dos Jogos Olímpicos clássicos na antiga Grécia
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sábado, 30 de julho de 2011

A CRÓNICA

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A crónica é como que a conversa íntima, indolente, desleixada, do jornal com os que o lêem: conta mil coisas, sem sistema, sem nexo; espalha-se livremente pela natureza, pela vida, pela literatura, pela cidade; fala das festas, dos bailes, dos teatros, das modas, dos enfeites, fala em tudo, baixinho, como se faz ao serão, ao braseiro, ou ainda de verão, no campo, quando o ar está triste. Ela sabe anedotas, segredos, histórias de amores, crimes terríveis; espreita porque não lhe fica mal espreitar. Olha para tudo, umas vezes melancolicamente, como faz a lua, outras vezes alegre e robustamente, como faz o sol; a crónica tem uma doidice jovial, tem um estouvamento delicioso: confunde tudo, tristezas e facécias, enterros e actores ambulantes, um poema moderno e o pé da imperatriz da China; ela conta tudo o que pode interessar pelo espírito, pela beleza, pela mocidade; ela não tem opiniões, não sabe do resto do jornal; está aqui, nas suas colunas, cantando, rindo, pairando; não tem a voz grossa da política, nem a voz indolente do poeta, nem a voz doutoral do crítico; tem uma pequena voz serena, leve e clara, com que conta aos seus amigos tudo o que andou ouvindo, perguntando, esmiuçando.
A crónica é como estes rapazes que não têm morada sua e que vivem no quarto de seus amigos, que entram com um cheiro de primavera, alegres, folgazões, dançando, que nos abraçam, que nos empurram, que nos falam de tudo, que se apropriam do nosso papel, do nosso colarinho, da nossa navalha de barba, que nos maçam, que nos fatigam mesmo e, quando se vão embora, nos deixam cheios de saudades.
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Eça de Queirós in "Páginas de Jornalismo"
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ÁGUA POLICIAL

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Manifestação de estudantes em Santiago do Chile
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DISCURSO DIRECTO

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O BES é uma entidade política. Foi o senhor dr. Ricardo Salgado que mandou vir o FMI. Nessa quarta-feira de manhã, os bancos disseram: "É a última vez que a gente empresta e só emprestamos se chamarem o FMI". E foi assim que o Teixeira dos Santos chamou o FMI, o outro [José Sócrates] mandou-se ao ar, atirou com o telemóvel.

Manuel  Villaverde Cabral in “i” (entrevista)
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RELÓGIO DO DÉBITO AMERICANO EM NOVA IORQUE

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OBAMA VAI AO TOTTA

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Os Estados Unidos têm, até Terça-Feira, de pagar 347 mil milhões de euros de parte da sua dívida, ou seja, duas vezes a riqueza que Portugal produz num ano (a parte, não a dívida). Não têm o dinheiro, ponto final. Precisam de pedir mais emprestado para pagar o que devem. O Congresso e o Senado, dominados pelos republicanos, dizem que não autorizam mais endividamento sem condições. A corda estica e dentro de três dias pode partir, se não houver um acordo de última hora. A avaliar pela conversa dos dois lados, poderá mesmo partir e as consequências são impensáveis para aquele País e para o mundo.
Enquanto isto, toda a gente parece tranquila! O optimismo impera! Não há dúvida que vivemos em época de despreocupação. Os democratas americanos, versão soft dos socialistas europeus, têm a mesma filosofia: compre agora e pague depois. E, se não puder pagar depois, peça emprestado e pague mais tarde. E, se não puder pagar mais tarde, vá ao totta. Chamam a isto engenharia financeira, ou uma cangalhada assim, mas eu acho que é falta de cabeça. Falta de cabeça é o que parece à minha cabeça reaccionária e atrasada. Então, não se está mesmo a ver que gastar sistematicamente mais do que se tem conduz em linha recta à bancarrota? Eu acho que sim. A Grécia também deve achar. Sócrates, e pelo visto Obama, acham que não! São opiniões. Eles lá sabem.
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sexta-feira, 29 de julho de 2011

ESTÓNIA - "FOQUILÓ" PARA TURISTA

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VAI COM PÉ

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As investigações realizadas na caixa negra do voo 447 da Air France revelaram que os pilotos não teriam recebido instrução suficiente para pilotar o avião a elevadas altitudes, o que terá contribuído para o acidente que, em 2009, matou as 228 pessoas  a bordo. Segundo o relatório da entidade que conduziu a investigação, os pilotos não receberam o treino necessário para lidar com elevadas altitudes e optaram pelas medidas erradas quando tentaram controlar o avião.
Quando se lê isto nos jornais, fica-se de queixo mais caído que o avião acidentado. Como pode a Air France explicar tal coisa? Não existem normas de exigência no treino dos pilotos que incluam a situação referida? Ou existem e ninguém quis saber disso? Presumo que os pilotos tripulavam habitualmente aquele tipo de aeronave. Logo, andou muita gente em perigo nas suas mãos durante tempo indeterminado!
Tenho, afinal, razão quando digo que passarinho foi feito para ir pelo ar; peixinho para ir na água; e homem para ir com pé, como diziam os timorenses do meu tempo.
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SPLIT - CROÁCIA

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(2008)
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UMA NOVELA CHAMADA GRIPE A

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Em 2009, desenrolou-se uma novela patética sobre a alegada pandemia de gripe A. Estava na cara que havia interesses económicos mal disfarçados a tirar partido da ameaça pandémica. Quem faz pressões sobre os governos, fá-lo em busca de lucros. Cabe aos governantes ser cautos e não embarcar na canção do cigano. Infelizmente, tal não aconteceu, nem em Portugal, nem em numerosos outros países. O resultado vê-se agora.
O Ministério da Saúde de Portugal comprou 2 milhões de doses de vacina e usou 700 mil. Sobraram 1,3 milhões, no valor de 9,7 milhões de euros, cujo prazo de validade chega agora ao fim e têm, por isso, de ser destruídas – 9,7 milhões para o lixo!
Não se contesta que na prevenção de doenças graves devem ser usados meios necessários; mesmo caros, mesmo redundantes. Mas tudo tem um limite imposto pelo bom senso; e, neste caso, o bom senso não imperou. Infelizmente!
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quinta-feira, 28 de julho de 2011

OS GRANDES VELEIROS

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"Capitán Miranda"
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O “Capitán Miranda”, construído em Espanha em 1930 para servir como cargueiro, foi transformado em navio hidrográfico do Uruguai em 1960. Em 1978, passou a navio-escola da Marinha daquele País.
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KORČULA - CROÁCIA

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(2008)
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A SOCIOLOGIA É UMA BATATA

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A batata é originária da América do Sul, mais precisamente do Perú, onde já era usada na alimentação há mais de 7 mil anos. Todas as variedades actuais são descendentes da original daquele País, mostram os estudos genéticos. Foi trazida para a Europa no fim do Século XVI pelos navegadores espanhóis.
Dadas as condições climatéricas favoráveis na maior parte do continente, rapidamente aumentou a sua produção, sendo uma das mais importantes fontes de hidratos de carbono em quase todos os países.  Vem isto a propósito de um estudo recente, publicado no "Quarterly Journal of Economics" que mostra ser a batata responsável pelo aumento de 20 a 30% da população e da urbanização europeias.
Jamais me passaria pela cabeça a importância sociológica da batata. A Lógica já era uma batata; agora é a Sociologia!
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AS PEÚGAS DE EINSTEIN

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“Quando era jovem, descobri que o dedo grande do pé acaba sempre por furar a peúga. Portanto, deixei de usar peúgas”. Isto disse Einstein e aqui o vemos, em 1931, com 52 anos e sem peúgas.
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É A 'SECRETA' SECRETA?

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Jorge Silva Carvalho era director dos SIED, alegadamente Serviços de Informações Estratégicas e de Defesa, ou uma cangalhada assim. Jorge Silva Carvalho, ainda no exercício dessas funções, enviou, do computador pessoal de sua casa, emails para a empresa Ongoing, sobre matéria desconhecida por nós, mas que declara ter sido legal. Jorge Silva Carvalho, de repente, pede a demissão do SIED, num momento nada oportuno para o País. Jorge Silva Carvalho vai, de repente, trabalhar para a Ongoing. Que dizer? Em nome da verdade, perante isto, não se pode dizer nada. Em nome da mesma coisa, cheira tudo um nadinha mal.
Não sei, nem estou interessado em saber, o que sabe um director dos SIED nessa qualidade. Da leitura dos jornais, fica-se com a ideia que saberá coisas que interessam a empresas como a Ongoing. Num mundo de concorrência, a contratação de um elemento dos SIED por uma empresa pode, por isso, resultar em prejuízo de outras empresas que não contratam espiões encartados.
Por outro lado, a correspondência entre Jorge Silva Carvalho e a Ongoing, enviada do seu computador do domicílio imediatamente antes da demissão dos SIED e da contratação pela empresa é, no mínimo, esquisita.
Isto é:
Jorge Silva Carvalho agiu mal porque, se não fez lixeira, deixou perceber que a poderia ter feito; e quem não quer ser lobo, não lhe veste a pele.
A Lei é, aparentemente, omissa nestes casos. É da maior urgência estabelecer regras para os circuitos de pessoal dos serviços de informação entre estes e as empresas privadas. Um alto funcionário das informações, quando se passa para uma empresa privada, não pode apagar do encéfalo o que passou a conhecer enquanto servidor do Estado. Logo, só em condições de enorme restrição poderá passar-se, como é óbvio.
O “Expresso” fez muito bem em levantar a questão. As interrogações que põe são pertinentes. Cabe a Jorge Silva Carvalho provar que não usou os conhecimentos adquiridos nos SIED ao serviço da Ongoing: nem antes, nem depois da contratação. E cabe aos legisladores regular as incompatibilidades de mudança de actividade para os que trabalham nas informações.
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REPÓRTER DA CIDADE

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quarta-feira, 27 de julho de 2011

VILA-NOVA

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Se passardes pelos olhos uma carta topográfica de Portugal, em cada província, em cada comarca, talvez em cada pequeno distrito, achareis escrito, ao lado de alguns desses sinais que marcam as povoações, a palavra Vila-Nova: Vila-Nova de Rei, de S. Cruz, de Gaia, de Cerveira;... que sei eu?―vilas-novas de todos os sobrenomes, e até vilas-novas de ninguém e de nada; vilas-novas espúrias.
Vila-nova é o dom municipal, o dom vilão; porque, por extravagante anti-frase, vila-nova quase sempre indica um antigo burgo com suas rugas de velhice, com seu castelo desmoronado, com seus vestígios de templo ou de palácio da meia-idade. Vila-nova moderna, sem pedras amarelas, tombadas, ogivais, é coisa descomunal,  milagrosa, e ao rés do impossível. É que o passado, remoto, remotíssimo, como o imaginardes, já foi presente, e então a vila que se alevantava ou no desvio, até aí inculto e intratável, ou sobre os vestígios de povoação desabitada e destruída, era realmente nova; mas os seus edificadores esqueciam-se, ao dar o nome à obra das próprias mãos, que eles passariam bem depressa e com eles a mocidade da sua filha querida; esqueciam-se de que o correr dos anos brevemente havia de converter em palavra sem sentido essa denominação que lhes parecera tão clara e precisa. Aos primeiros respiros de paz e segurança, depois das guerras bárbaras de religião e de raça que devastaram outrora este solo português, o espírito municipal ia semeando os concelhos ao passo que debaixo dos marcos das fronteiras cristãs se embebia o território muçulmano, e então acontecia que o burgo, recentemente plantado em terra até aí erma e safara, ou sobre as ruínas carcomidas de município romano ou godo, sentindo-se cheio de vida e de esperanças, folgava de contar ao mundo no próprio nome a sua juventude, e tomava para si o titulo tão querido, tão popular, tão casquilho ― de Vila-Nova. [...]
 .
Alexandre Herculano in “Opúsculos”
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O VELHO FORTE

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A BOLA DE CRISTAL DE ROUBINI

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Já falei da minha suspeição sobre a ciência da Economia, que me parece tão somente coisa de palpites. Mete leis universais, leis gerais, leis regionais, leis celestiais, cálculo algébrico, equações do terceiro grau, integrais, geometria cartesiana, iluminação divina e doses maciças de inspiração. A bem dizer, é quase mesmo só inspiração. As famosas agências de rating davam a mais alta classificação ao Lehman Brothers, o célebre triple A, minutos antes de ele ter rebentado como uma castanha no fogareiro e precipitado a maior crise financeira do século. Mas há quem tenha fé nas previsões dos crânios macro-economistas. E quem os cite com respeito. E quem oriente a vida pela opinião deles. E quem fique arruinado com tal opinião.
Uma coisa tenho por certa: os economistas levam-se a sério. Caso contrário, já tinham calado a boca, limitando-se a estudar se é mais lucrativo vender fiado ou a pronto, ou se o melhor negócio é a sardinha assada, com os seus ciclos sazonais, ou o carapau com  molho à espanhola, com clientela perene.
Vem isto a propósito de um senhor chamado Noriel Roubini que disse esta coisa ternurenta: “A probabilidade de a Grécia ou Portugal saírem da zona euro é de 30%". Mais nada! E perguntamos nós: e 35%? Ou: e 45%? Não pode; segundo o Senhor Roubini, são exactamente 30%, prontes!
Não sou economista, não sou analista, nem sequer contabilista. Mas tenho um palpite, do tipo dos do Senhor Roubini, de que a probabilidade é bem maior: para falar verdade, acho mesmo que a probabilidade é de 100%. Nunca consegui imaginar que Portugal fosse capaz de viver com a mesma moeda da Alemanha, da França, ou da Dinamarca. Porquê, perguntará quem me lê. Pois a esses digo que, tal como o Senhor Roubini, tenho um palpite: o de que Portugal não é capaz de construir uma economia para ter a mesma moeda desses países. Voilá!
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PEIXEIRADAS OU O REGRESSO DO ANIMAL FEROZ

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terça-feira, 26 de julho de 2011

A AUSTRÁLIA NA I GUERRA MUNDIAL

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Cartaz de 1915, apelando à colaboração no recrutamento de 50.000 soldados australianos para lutar na I Guerra Mundial ao lado dos Ingleses. Um canguru em frente do número 50.000 e a silhueta de soldados em fundo.  
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CANTINHO DO SARCASMO

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Seguro tem o charme de um contabilista a rever a declaração de IRS. Provoca a mesma excitação que ver um filme do Manoel de Oliveira. Um entusiasmo igual ao de uma missa solene celebrada pelo Arcebispo de Mitilene.
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José Couto Nogueira in "i"
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ORDEM DOS ENGENHEIROS - LISBOA

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OS LÓBIS DOMÉSTICOS

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Paulo Macedo foi Director-Geral dos Impostos, e um dos mais competentes. Pôs fim a muita pouca vergonha fiscal neste País, mas isso não evitou críticas; por exemplo de que, com tanto rigor no fisco, prejudicou a economia.
Paulo Macedo é agora Ministro da Saúde e começou logo a receber críticas, ainda antes de fazer o que quer que fosse; ainda antes de abrir a boca. Um deputado ilustre do Bloco de Esquerda, mal se conheceu o elenco do governo, declarou em directo na TV que um cobrador de impostos na pasta da Saúde significava seguramente mais encargos para os chamados “utentes”.
Neste paraíso lusitano, oposição significa obrigação de dizer não, ou sim, ou antes pelo contrário. Qualquer coisa serve e é adequada desde que seja desacordo. Paulo Macedo, porém, é homem avisado: hoje, em Viana do Castelo, declarou que não se move por uma execução cega pelos números no Serviço Nacional de Saúde, que é para preservar, mas que será indiferente ao ruído sobre as reformas. Assim deve ser. Mas vai encontrar dificuldades políticas com tal posição, susceptível de desencadear resistências inesperadas dentro do próprio lado que apoia o governo, onde há muito interesse instalado no caos chamado Serviço Nacional de Saúde.
A força política necessária para impor em casa medidas impopulares é enorme. Maior  que a necessária para as impor a outros. Muita boa intenção governativa neste País morreu às mãos dos próprios correligionários, de supostos compagnons de route. Paulo Macedo é sábio, corajoso, sabe bem o que quer e pode ter êxito num dos mais difíceis ministérios desta terra, com um défice orçamental no ano passado de 450 milhões de euros. Lida com lóbis poderosíssimos, politicamente policromos. Agora, além das outras qualidades, tem de mostrar arcaboiço político para aguentar a refrega doméstica.
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segunda-feira, 25 de julho de 2011

PENSAMENTOS

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Entre as afecções de boca dos portugueses que nem a pasta medicinal Couto pode curar, nenhuma há tão generalizada e galopante como a Portugalite. A Portugalite é uma inflamação nervosa que consiste em estar sempre a dizer mal de Portugal. É altamente contagiosa (transmite-se pela saliva) e até hoje não se descobriu cura.
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Miguel Esteves Cardoso in "A Causa das Coisas"
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ÁGUA

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PINGOS DE LISBOA

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OUVIR OS ESPECIALISTAS

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Tive um mestre que dizia: se vires um banqueiro suíço a atirar-se da janela do 10º andar, atira-te atrás dele porque é de certeza um bom negócio. Vem isto a propósito da notícia de que a União de Bancos Suíços recomenda aos seus clientes a compra de acções europeias, em alternativa às americanas.
Os helvéticos são especialistas em dinheiro até ao limite da decência; mesmo para lá de tal limite. Por isso, este é o primeiro sinal credível da bondade do compromisso dos líderes europeus da passada semana; muito mais importante que os palpites da Moody’s. Em boa verdade, a Moody’s está para a União de Bancos Suíços como Pedro Passos Coelho está para Sá Carneiro, servindo-me de uma imagem simples e sem necessidade de mais explicações.
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BALOTELLI É O 'MAIOR'!

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Mario Balotelli, italiano de ascendência ganesa, tem 21 anos e é um grande jogador de futebol. Tão grande como a sua habilidade para o jogo é a sua disciplicência em relação aos treinadores, auto-convencimento e falta de maturidade. Um dia destes, declarou: “Bem, só há um jogador ligeiramente mais forte que eu: Messi. Todos os outros estão atrás de mim”. Presunção e água-benta...
Classicamente, vive em conflito com treinadores, Mourinho incluído. Quando estavam os dois no Inter, Mourinho teve de o aturar. Um dia disse à imprensa: “Tanto quanto me diz respeito, um rapaz como ele não pode permitir-se treinar menos do que jogadores como Figo, Córdoba e Zanetti”.
Agora é Mancini que o atura, no Manchester City, mas já o aturou antes. Veja-se o vídeo aqui em cima para perceber porque os treinadores perdem a paciência com ele. No jogo com o LA Galaxy, Balotelli faz esta graça em frente da baliza adversária. Foi substituído de imediato por Mancini. Reparem na sua reacção às palavras de desaprovação do treinador.
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ANDERS BREIVIK MAÇON?

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A imagem à esquerda foi tirada do vídeo publicado no "YouTube" por Anders Breivik, o predador de Oslo. Lá está ele, numa imagem muito fugaz, de avental e toda a cangalhada ridícula que vemos em outras fotografias da instituição.
Leio que a Maçonaria é uma sociedade discreta, de acção reservada, que interessa exclusivamente àqueles que dela participam, de carácter universal, cujos membros cultivam o aclassismo, humanidade, os princípios da liberdade, democracia, igualdade, fraternidade e aperfeiçoamento intelectual, sendo assim uma associação iniciática e filosófica.
Será uma sociedade fraternal que admite todo homem livre e de bons costumes, sem distinção de raça, religião, ideário político ou posição social. As suas únicas exigências são que o candidato possua um espírito filantrópico e o firme propósito de tratar sempre de ir em busca da perfeição. No contexto em que aparece esta imagem, tal conversa é ridícula.
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domingo, 24 de julho de 2011

REPÓRTER DA CIDADE

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LETRAS DO BRASIL

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Não sei se lhes diga simplesmente que era de madrugada, ou se comece num tom mais poético: aurora, com seus róseos dedos... A maneira simples é o que melhor me conviria a mim, ao leitor, aos banhistas que estão agora na Praia do Flamengo — agora, isto é, no dia 7 de outubro de 1861, que é quando tem princípio este caso que lhes vou contar.
Convinha-nos isto; mas há lá um certo velho, que me não leria, se eu me limitasse a dizer que vinha nascendo a madrugada, um velho que... digamos quem era o velho.
Imaginem os leitores um sujeito gordo, não muito gordo — calvo, de óculos, tranqüilo, tardo, meditativo. Tem sessenta anos: nasceu com o século. Traja asseadamente um vestuário da manhã; vê-se que é abastado ou exerce algum alto emprego na administração. Saúde de ferro. Disse já que era calvo; equivale a dizer que não usava cabeleira. Incidente sem valor, observará a leitora, que tem pressa. Ao que lhe replico que o incidente é grave, muito grave, extraordinariamente grave. A cabeleira devia ser o
natural apêndice da cabeça do major Caldas, porque cabeleira traz ele no espírito, que também é calvo.
Calvo é o espírito. O major Caldas cultivou as letras, desde 1821 até 1840 com um ardor verdadeiramente deplorável. Era poeta; compunha versos com presteza, retumbantes, cheios de adjetivos, cada qual mais calvo do que ele tinha de ficar em 1861. A primeira poesia foi dedicada a não sei que outro poeta, e continha em germe todas as odes e glosas que ele havia de produzir. Não compreendeu nunca o major Caldas que se pudesse fazer outra cousa que não glosas e odes de toda a casta, pindáricas ou horacianas, e também idílios piscatóricos, obras perfeitamente legítimas na aurora literária do major. Nunca para ele houve poesia que pudesse competir com a de um Dinis ou Pimentel Maldonado; era a sua cabeleira do espírito. [...]
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Machado de Assis in "A Chave"
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S. VICENTE - CABO VERDE

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Mercado do Mindelo (2006)
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APOLLO 11 - O REGRESSO

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Referi na Quarta-Feira a chegada do homem à Lua, mais precisamente a chegada de Armstrong e Aldrin. Foi em 20 de Julho de 1969. Quatro dias depois, neste dia, voltaram e amararam sem problemas a cerca de 812 milhas náuticas do Havai. Abordados por um homem-rã da Marinha Americana, como se vê na imagem, e todos vestidos com fatos de isolamento biológico, foram transportados por um helicóptero para o navio “USS Hornet”. Estiveram três semanas de quarentena. Não estavam infectados por nenhum germe extra-terrestre.
A título de curiosidade, recordo que a primeira referência ao uso com sucesso do interferão no tratamento de doenças virais foi feito na série de banda desenhada e ficção científica de Flash Gordon, em 1960, numa história em que um astronauta é infectado no espaço por vírus alienígena.
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O CORPO DE DELITO

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Corpo de delito permanente e directo
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CASA DA CULTURA DE PERNAMBUCO

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Interior da antiga Cadeia do Recife, construída em 1867 e transformada em Casa da Cultura de Pernambuco em 1976. (Fotografia de 2006)
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O PREDADOR DE OSLO

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Moita Flores, comentando os atentados de Oslo, escreve hoje no “Correio da Manhã” que mais nenhum animal à superfície da Terra é um predador tão destrutivo quanto o homem. Efectivamente, não tenho conhecimento de animais que matem sem ser por razões de sobrevivência. Posso estar enganado, mas penso que não.
O homem também pratica a predação para sobreviver e fá-lo de forma sinistramente sofisticada, em contraste com os seus irmãos animais. Enquanto estes dependem da caça ocasional e aleatória, o Homo sapiens domestica presas em cativeiro que reproduz, cria e abate para se alimentar, por vezes em condições cruéis, como parece acontecer em alguns aviários e outras indústrias agro-pecuárias. A necessidade dos animais se matarem uns aos outros para sobreviver é um dos mistérios da biosfera que leva muita gente a contestar a ideia da criação inteligente do universo.
Mas mesmo admitindo tal aberração como natural, como insinua Moita Flores há uma ordem, um critério, até uma ética, na forma como os animais predadores se comportam. A excepção é o homem, que mata por motivos ideológicos, emanados do seu encéfalo muito avançado, capaz de produzir ideias e fazer raciocínios. Diz-se que a natureza não dá nada de graça e quase todos os dias podemos observar o rigor de tal afirmação. A natureza deu-nos a mente que temos, capaz de nos levar à Lua e organizar sociedades quase perfeitas, como a norueguesa, e com ela a capacidade de praticar as maiores enormidades. São uma pequena percentagem os que usam o poder da mente para fazer grandes estragos nos semelhantes. Mas existem e temos que viver com isso. Mesmo os noruegueses.
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S. SALVADOR DA BAÍA

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Mercado Modelo, em S. Salvador, e a Baía de Todos os Santos.  O Mercado Modelo foi inaugurado em 1912 e tem 263 lojas de artesanato e dois tradicionais restaurantes da culinária baiana: o “Maria de S. Pedro” e o “Camafeu de Oxossi”. (Fotografia de 2006)
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CANTINHO DO SARCASMO

[...] Da "personalidade" pública ao eleitor mais anónimo, a vasta maioria da população não dispensa apoio partidário sem esperar que semelhante apoio lhe renda algum retorno pessoal e directo, avultado ou pequenino que seja.
E o pior é que há óptimas razões para pensar dessa maneira, conforme demonstra a história menor do sr. Nogueira Leite. A sumidade em causa, que só conheço de debates televisivos em que exibe o título académico a fim de impressionar pasmados, passou os últimos tempos empenhada no louvor político do dr. Passos Coelho, presumivelmente em nome do bem comum e de axiomas irrefutáveis. Agora, integrada num processo de redução do Estado através do respectivo aumento, a sumidade foi nomeada vice-presidente da Caixa Geral de Depósitos, salto que arrasa as suas motivações éticas mas que responde às motivações, digamos, espirituais. O sr. Nogueira Leite é um retrato fiel do português médio, aquele que suspeita dos excêntricos que votam sem ilusões ou interesses. [...]
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Alberto Gonçalves in "Diário de Notícias"
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sábado, 23 de julho de 2011

REPÓRTER DA CIDADE

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SAI DA FRENTE GUEDES

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1.557.087 exibições no You Tube, so far...
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FAIL LIKE A BOSS - PART II

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Segundo parece, vai realizar-se um concurso destinado a eleger as sete maravilhas da gastronomia nacional. A Câmara Municipal do Porto, indesculpavelmente, desistiu de concorrer com as tripas à moda do Porto. 
Luís Filipe Meneses, autarca da vizinha Vila Nova de Gaia, terá dito em ar jocoso: "Quem não votar nas tripas não é um bom portuense nem um bom nortenho. Temos que apelar à costela bairrista e não deixar ganhar os pastéis de Belém".
Na noite de Sexta-Feira, os ecrãs gigantes espalhados na cidade do Porto, segundo as notícias, incluiriam a seguinte informação: "JN e Presidente da Câmara Municipal de Gaia voltam a criticar a Câmara Municipal do Porto".
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A CAUSA DAS COISAS

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A legislação produzida sai dos grandes escritórios de advogados, com leis feitas para não se perceberem e muitas excepções para se favorecerem amigos. Ao mesmo tempo, confere-se enorme poder discricionário a quem aplica a lei. Os escritórios de advogados fazem disto um manancial: fazem a legislação, os pareceres a explicar a legislação e, pior, ainda vendem aos privados a forma de fugir à legislação que eles próprios produziram.
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Paulo Morais ao "Expresso" (23-07-2011)
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O SABER NÃO OCUPA LUGAR

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(Vídeo enviado por Arnaldo Valente)
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AS PRAGAS DO EGIPTO

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O socialista “com nome de santo e barba de bandido” caminha gloriosamente para uma banhada eleitoral. Quem esteve ao lado do Zezito até ao estertor pode vangloriar-se de ser leal, o que é  meritório e muito bom no tempo que corre, mas fatal. De repente o País acordou e tudo que cheire a Zezito fede. Ainda se sente no olfacto o aroma daquele congresso de Matosinhos. Meteu-se na pituitária dos socialistas e vai levar meses ou anos para de lá sair. O Zezito foi a maior praga que caiu sobre o partido maçónico – pior que todas as dez pragas do Egipto juntas, desde as moscas, que eram muitas, até à chuva de pedras e às trevas. Trevas com que encerrou o ciclo, antes de ir estudar Filosofia para Paris. Eh...Eh...Eh...  
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