segunda-feira, 1 de maio de 2017

VIESES

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Já alguma vez sentiu assim como que uma coceira na palma das mãos ao ouvir um economista falar sobre a necessidade de aumentar impostos, reduzir pensões de reforma, ou limitar actividades de quem se mata a trabalhar honestamente? Sobretudo quando sabe que o papagaio é um sorvedouro de remunerações em empresas onde vai (?) uma vez por mês dar uns palpites e assinar a folha do vencimento. E, seja a resposta sim ou não, acha que ele merece o que ganha? Vai-me dizer que depende do que vale a opinião do papagaio, grande craque duma ciência complicada. 
Começo por aqui. Manuel Villaverde Cabral perguntava, já há bastante tempo, no "Observador", se a Economia era uma ciência exacta e respondia que a Economia nem era exacta..., nem sequer ciência! E citava alguém a lembrar que, se fosse ciência, tinha sido experimentada em animais; como faz a Farmacologia, a Genética, até a Sociologia, e por aí fora. A Economia, para ser breve, é sobretudo uma ciência de palpites e de fé; quando não de interesses. E sabem quem acha isto? Não sou eu, não é Jorge Jesus, nem é Domingos Paciência: é Paul Romer, Professor de Economia nas universidades de Stanford e Nova-Iorque e Vice-Presidente Sénior do Banco Mundial.
Segundo Romer, o Brexit é um Grito do Ipiranga — a expressão é minha  dos ingleses contra os economistas e a profissão, contra a hipocrisia duma alegada opinião especializada, na realidade enviesada por motivos que é melhor não esclarecer.
Aliás, o professor Romer, num artigo publicado em Setembro passado e intitulado The Trouble with Macroeconomics, já acusava os colegas de praticarem pseudociência apoiada num "código de honra" que proíbe a contestação de "autoridades", mesmo quando estas estão erradas.
No caso do Brexit, o público terá percebido que os economistas se comportavam como activistas, invocando a autoridade da Ciência. Atribuindo-se julgamentos não enviesados quando, na realidade, defendiam posições políticas — puramente políticas.
Nenhuma ciência deve ser endeusada, em minha opinião. Mas a Economia... JAMÉ!
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