segunda-feira, 13 de maio de 2019

FALTA A GALINHA FAZER O SEU TRABALHO

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Francisco Sena Santos escreve hoje assim, no SAPO.PT: Faltam menos de duas semanas para eleições dominadas por uma questão nunca assim colocada numa votação europeia: teremos mais Europa ou uma Europa a desfazer-se? 
Com desgosto o digo, mas acho que temos uma Europa ― não a desfazer-se porque o termo peca por exagero ― mas uma Europa a voltar às origens.
A União Europeia assemelha-se a algo contra naturam. Pensemos nos séculos que levou a chegar ao estado vigente quando se começou a falar da nova Europa Unida. Foram séculos de guerras, conflitos, crises económicas, inquietações e ralações até se chegar a uma situação minimamente estável, o pré-União Europeia, ou a antecâmara desta. 
Está na cara, como diria um irmão brasileiro, que não é impunemente que, um belo dia, uns tantos janotas se juntam e proclamam, urbi et orbi: somos todos amigos e vamos acabar com essa coisa das fronteiras, das alfândegas, das moedas, dos passaportes, rebabá ― não dá (para rimar).
É claro que a União Europeia, tal como foi inicialmente concebida, vai existir um dia e para lá caminhamos; mas devagar, devagarinho porque não há pressa, nem pode haver. Tal como medicamentos diferentes administrados em simultâneo podem modificar a resposta a cada um deles, a História mostra que os povos da Europa viveram muitos séculos com problemas de interacções. Lá iremos um dia, mas não há urgência: é preciso dar tempo ao tempo ― não basta escrever o nosso desejo num papel para ele se realizar. Esse papel é só o ovo à espera de ser chocado.
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