domingo, 18 de julho de 2010

PÉROLAS LITERÁRIAS




E depois dos combates íamos sepultar os mortos.
No campo da batalha abria-se uma grande cova, e simultaneante se lançavam nela os cadáveres de amigos e de inimigos.
Porque além do limiar do outro mundo calam todos os humanos ódios.
E o tecto de terra estendia-se sobre os muitos que aí dormiam no mesmo jazigo.
E algum pranto derramado sobre o pó revolto, e as preces da igreja proferidas pelo sacerdote consolavam os extintos.
Plantava-se a cruz sobre a gleba para consagrar a memória dos mortos; para pedir a esmola da oração ao que passasse, e para lhe anunciar que todos os que ali repousavam eram irmãos por Jesus Cristo; eram irmãos pelo sepulcro.
Perdoávamos para sermos perdoados: perdoávamos porque éramos fortes.
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Alexandre Herculano in “A Voz do Profeta”

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