sexta-feira, 23 de julho de 2010

A REPÚBLICA PODE LIMPAR AS MÃOS À PAREDE

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[...1910] É esta data e o século que lhe segue que vão ser objecto de comemorações que abrangem as três diferentes Repúblicas, vividas pelo Povo Português e incluídas neste espaço temporal de 100 anos.
Inicia-se então a vigência de um regime de imposição revolucionária, oposto não só à legalidade constitucional como alheio às tradições de cerca de oito séculos de História Pátria, regime que vai perdurar até à actualidade através de três períodos bem diferenciados, normalmente designados de 1ª República, entre os anos de 1910 e 1926, de 2ª República ou Estado Novo, correspondente na sua quase totalidade à ditadura do Dr. António de Oliveira Salazar, entre os anos de 1926 e 1974, e finalmente o da 3ª República, iniciado em 1974 e vigente até hoje.
Entremos pois na apreciação do primeiro período de uma República, período eivado de um primitivo jacobinismo, de origem maçónica, de que foi principal paladino o Dr. Afonso Costa, mentalmente um jacobino que, ao abrigo de legislação pombalina desenterrada para o efeito e posta novamente em vigor, abriu a guerra contra a Igreja Católica com a expulsão das Ordens Religiosas, com a legislação contra as procissões, com a prisão de elementos do Clero, no prosseguimento da boçal ideia de “acabar com a Religião em duas gerações”, como alardeava Afonso Costa. Em verdade, este período pouco mais foi do que um atentado violento e antidemocrático contra os valores mais sagrados dos Portugueses.
Durante este período da República, em 16 anos, a anarquia e a desordem reinaram nas ruas de Lisboa, derrubaram 45 governos, houve sete Parlamentos, nove Presidentes da República, dos quais um – Sidóneo Pais – foi assassinado na Estação do Rossio.
Numa só noite, a 19 de Outubro de 1921, um grupo de facínoras embarcados na “Camioneta Fantasma” conduzida pelo cabo Olímpio, o “Dente de Ouro”, assassinaram 14 pessoas, entre as quais António Granjo, Machado dos Santos, um dos fundadores da República, José Carlos da Maia, o Comandante Freitas da Silva, e o Coronel Botelho de Vasconcelos, por vezes com requintes de barbárie. Por exemplo António Granjo, quando era tratado de um ferimento no pescoço, na enfermaria do Arsenal, foi abatido com dezenas de tiros. Caído no chão, um corneteiro da GNR saltou para cima do peito do cadáver e enterrou uma espada no ventre do morto e extraindo a arma gritou: “Vamos ver a cor do sangue do porco”.
Com a expulão das “Ordens Religiosas”, o respectivo património, como as obras de arte, conventos, propriedades rurais, etc., tudo foi “nacionalizado” e em muitos casos acabou em mãos particulares, ou na venda em hasta pública, quando não deixado ao abandono e à ruína.
A desordem, a violência, os interesses particulares ou partidários sobrepostos aos interesses da Pátria e dos Portugueses, deram como reacção levantamentos contra os governos instalados em Lisboa, salientando-se entre outros, Paiva Couceiro, herói das campanhas de África, que à frente de forças na sua maioria constituídas por voluntários civis, chegou a instaurar no Porto, a Monarquia do Norte, com o apoio da população nortenha.
Durante este período inicial do novo regime político, que actualmente se pretende festejar, isto é os 16 anos que durou a 1ª República, os Portugueses foram vítimas da desordem, de violência, de opressão da liberdade, de segurança e de instabilidade política. Só no ano de 1920 governaram o País oito governos diferentes!
Mas o relato da opressão não acabou! Vai continuar, com a 2ª República em 1926, com a revolta do General Gomes da Costa, que, a 28 de Maio daquele ano, a partir de Braga, marchou sobre Lisboa, a fim de pôr cobro à desordem em que caíra a nossa Pátria. Mas preso e exilado o próprio Gomes da Costa, e com o regresso ao governo do Dr. Salazar, ex-ministro das Finanças, o movimento de 28 de Maio acabou por dar origem a uma longa ditadura, implantada mais pela experiência e temor das desordens de um passado recente e pelo vivo desejo de paz e ordem dos Portugueses, que propriamente desejada pelos militares de 1926. [...]
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[...] O titubeante governo do honesto Dr. Marcelo Caetano, limitado na sua acção por Américo Tomaz, incapaz de dar solução à Guerra do Ultramar, acabou por fazer ruir a 2ª República a 25 de Abril de 1974, cujo golpe final foi dado por uma revolução militar sem derramamento de sangue.
Na mesma data se inicou a chamada 3ª República, ainda vigente e que, mesmo dando de graça os anos do “PREC” veio instituir, com a degradação da Justiça, a corrupção, praticamente consentida, de uma grande parte dos políticos, os quais por vezes sem preparação e com ausência de valores morais, atiraram o País para uma situação de descalabro económico agravado por uma crise mundial, dando origem a um período gravíssimo, de que não se vê o fim. [...]
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[...] Com ou sem crise, a comparação da ordem, do civismo, do prestígio das Monarquias europeias com iguais parâmetros da República Portuguesa, que tristemente se pretende festejar, é simplesmente confrangedora para nós portugueses.
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General Carlos de Azeredo
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