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Estava a Morte ali, em pé, diante,
Sim, diante de mim, como serpente,
Que dormisse na estrada e de repente
Se erguesse sob os pés do caminhante.
Era de vêr a fúnebre bacante!
Que torvo olhar! que gesto de demente!
E eu disse-lhe: «Que buscas, impudente,
Loba faminta, pelo mundo errante?»
-Não temas, respondeu (e uma ironia
Sinistramente estranha, atroz e calma,
Lhe torceu cruelmente a boca fria).
Eu não busco o teu corpo... Era um troféu
Glorioso demais... Busco a tua alma-
Respondi-lhe: «A minha alma já morreu!»
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Sim, diante de mim, como serpente,
Que dormisse na estrada e de repente
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Se erguesse sob os pés do caminhante.
Era de vêr a fúnebre bacante!
Que torvo olhar! que gesto de demente!
E eu disse-lhe: «Que buscas, impudente,
Loba faminta, pelo mundo errante?»
-Não temas, respondeu (e uma ironia
Sinistramente estranha, atroz e calma,
Lhe torceu cruelmente a boca fria).
Eu não busco o teu corpo... Era um troféu
Glorioso demais... Busco a tua alma-
Respondi-lhe: «A minha alma já morreu!»
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Antero de Quental in "Sonetos"
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