O nosso Sol tem 4,5 mil milhões de anos e uma perspectiva de vida à frente de 6 mil milhões mais – ainda nem chegou à meia idade! Na Terra, a biosfera tem evoluído sempre, desde que começou a formar-se, há 4 mil milhões de anos. O homem é, ou considera-se, o ser mais diferenciado do planeta. Tão diferenciado que estima representar o cume da evolução. Independentemente das convicções religiosas, julgamos que a natureza chegou aqui e parou. Possivelmente porque consideramos não ser possível haver melhor!
Como se infiltrou esta ideia na nossa cabeça? Os seres vivos, homem incluído, evoluíram sempre durante 4 mil milhões de anos e agora há um que atingiu a perfeição e, para não estragar a obra de arte que se julga, cristalizou a perfeição! De gargalhada!
Darwin já tinha dito que nenhuma espécie viva conservará as suas características até um futuro distante. E o futuro distante do tempo de Darwin era muito mais distante que o do tempo actual, se se pode assim falar. Quer dizer-se que a probabilidade de ocorrerem mutações genéticas é agora bastante maior, e que a selecção imposta pela mais que provável luta para enfrentar meios hostis fora do nosso planeta irá condicionar e pressionar alterações morfológicas e funcionais no Homo sapiens. Se tudo vai mudar, incluindo o próprio Sol, poque ficaria ele igual?
Como é isto considerado do ponto de vista teológico, é matéria sobre a qual será agora prematuro especular. Já temos o problema da aquisição da alma no período evolutivo entre o chimpanzé e o homem. Com novas formas morfológicas e funcionais deste, antevêem-se outras polémicas teológico-filosóficas. A menos que o novo homem se revele um ser sem capacidade de polemicar.
.Este texto foi sugerido pela leitura do capítulo "Deep Time" and the Far Future, de Martin Rees, no livro This Will Make You Smarter, que recomendo vivamente a quem puder ler. Pode ser comprado on-line, na Amazon, por cerca de 10 dólares.
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