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A produção de electricidade é a maior responsável pela poluição do ar em quase todo o mundo. Nos Estados Unidos, em 2007, 2,4 mil milhões de toneladas de dióxido de carbono foram produzidas pela combustão de carvão e gás em centrais térmicas. Tal representou 40% dos chamados gases com efeito estufa gerados nesse ano. A isto é preciso juntar a emissão de óxidos de azoto, dióxido de enxofre, e o consumo de água. Por isso, é importantíssimo o desenvolvimento da produção de electricidade a partir de fontes alternativas, nomeadamente as energias renováveis, assim chamadas porque nunca se esgotam - são eternas na perspectiva temporal humana.
Ditas as coisas assim, e habitualmente são ditas assim, insinua-se que a utilização das fontes alternativas de energia, ou seja, das energias renováveis, é imaculada ou impoluta. Não é verdade. São um bocado melhores, mas também têm inconvenientes.
Inconvenientes de duas ordens: efeitos nocivos do ciclo de vida e efeitos nocivos locais. Os primeiros dizem respeito a tudo que tem a ver com a produção, instalação e manutenção das centrais, coisa não despicienda. Desde a extracção dos materiais usados no fabrico de peças e estruturas, até à construção, transporte e conservação, tudo tem de ser contabilizado, para avaliar o que representa por ano de vida da central. Pense-se numa barragem hidroeléctrica e no cimento que é preciso fabricar e transportar, no ferro que é necessário preparar e levar para o local, na areia carregada, na actividade da construção ao longo de anos, blá, blá, blá. Problemas do mesmo tipo existem com as centrais eólicas, as centrais geotérmicas, especialmente com as fotovoltaicas, cujo fabrico é ambientalmente “sujíssimo”, e por aí fora.
Depois há os efeitos locais, de ordem ecológica, paisagística, cultural, religiosa e muitos outros. No Havai houve uma tremenda luta entre nativos e a companhia de electricidade que insistia em construir uma central geotérmica em área de caça dos indígenas, destruindo o habitat tradicional e mostrando completo desprezo pelo culto religioso local da actividade vulcânica. E que dizer do efeito das albufeiras das barragens e de paisagens de beleza natural esplêndida salpicadas de inestéticos moinhos de vento, armadilhas mortais para aves?
Em boa verdade, não há bela sem senão. É preciso cuidado! Há muitos a endeusar a beleza e a disfarçar o senão.
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