Em 1906, Vilfredo Pareto, economista italiano, verificou que 80% da terra em Itália era propriedade de 20% da população e que, no seu jardim, 20% das vagens tinham 80% das ervilhas. É extraordinário, mas veio a verificar-se que esta relação de 80 para 20 se verificava em número inesperado de situações. No comércio, 80% das vendas são feitas a 20% dos clientes; nos Estados Unidos, 20% da população tem 80% do rendimento; a Microsoft constatou que se conseguisse eliminar 20% dos “bugs” acabava com 80% dos erros informáticos; nas empresas, 80% das reclamações vêm de 20% dos clientes; 80% das vendas são feitas por 20% dos vendedores; blá, blá, blá.
Joseph Juran, um consultor de gestão, chamou a isto princípio e propôs o nome de Princípio de Pareto, que ficou.
Perguntar-se-á como se explica tão estranho princípio, aplicável às coisas mais diversas. Na verdade, não se explica, mas percebeu-se que é um aspecto particular duma lei mais genérica ainda, e aplicável a imensas coisas: a Power Law, traduzível talvez por Lei da Potência (potência matemática, naturalmente), mas não sei se é assim porque toda a gente usa a expressão anglo-saxónica.
A Power Law é coisa mais fina matematicamente, complicada e, sobretudo, intelectualmente indigesta. Aplica-se a coisas como a frequência das palavras num texto, por exemplo. Em 1930, o linguista George Zipf constatou que em obras literárias a segunda palavra mais usada o é metade das vezes da primeira e que a terceira ocorre três vezes menos que a primeira. Extraordinário que uma coisa tão fluida como a linguagem possa obedecer inconscientemente a tais regras.
Mas há mais, muito mais. A lei aplica-se à frequência de terramotos e às suas proporções; às deslocações diárias das pessoas na cidade; ao número de páginas em cada website; ao ranking dos desportistas profissionais; à diversidade da exportações de diferentes países; blá, blá, blá.
Dá que pensar isto. Temos do mundo em que vivemos ideias completamente incompletas. Não é só no espaço que existe matéria negra e energia negra, de que toda a gente fala e ninguém sabe o que é. O Universo é todo ele matéria negra e energia negra. Especialmente as nossas cabeças. Voilà!
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