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O homem que nasce num mundo já ocupado – se não recebe a
legítima subsistência dos pais, e se a sociedade não aceita o seu trabalho, não
tem direito a mínima porção de alimento.
No banquete da natureza não há lugar para ele. Esta diz-lhe
que parta e rapidamente executa a ordem, se não trabalhar por compaixão dos comensais. Mas se estes lhe dão lugar, imediatamente aparecem novos intrusos a
pedir outro tanto. A fartura que antes reinava transforma-se em escassez; e a
felicidade dos hóspedes da natureza desaparece perante o espectáculo da miséria no salão.
Thomas
Malthus in “Essay on Population”
(1803)
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Quando nasci, há 72 anos, a população mundial, contando comigo, era de 2.285.120.517 almas, segundo as Nações Unidas - números redondos, cerca de 2 mil e 300 milhões (ver gráfico em cima). Em 2011, chegámos aos 7 mil milhões, ou seja, desde que nasci aumentou quase 5 mil milhões, mais precisamente, 4 mil e 700 milhões - mais do que duplicou! E, se olharmos para o gráfico, vemos que em 2050 se esperam mais de 9 mil milhões. E também que no ano de 1500 era apenas de 500 milhões e se manteve praticamente inalterada durante 250 anos.
Que dizer, depois de ler Malthus? Por mim, não digo nada, mas ouço muita gente a falar disto. Em primeiro lugar, a emitir opinião sobre se se deve fazer alguma coisa, ou se não de deve fazer nada e deixar correr o marfim. Admitindo, como está previsto, que em 2100 serão quase 16 mil milhões, a continuar nesta velocidade de cruzeiro, é difícil ficar tranquilo e deixar correr. Se a duplicação que se verificou durante a minha vida tivesse sido bem encaixada, tudo bem. Mas tal duplicação de população correu com múltiplos muito maiores dos problemas. Por muito que se tenha esperança disso, a humanidade não corresponde às expectativas dos optimistas.
Se se admite controlar a natalidade, ninguém está de acordo como o fazer. Há duas ideias dominantes para este problema: tomar medidas directas - desde a persuasão até à imposição, como na China e Índia - ou indirectas, consistindo estas, principalmente, em melhorar o nível cultural, laboral, legal e económico das sociedades, sobretudo das mulheres, visto que já se demonstrou tal conduzir à diminuição da natalidade (veja-se o caso da Europa).
O problema é saber se isso é exequível, quanto tempo demora, e se temos margem para esperar. Receia-se que o optimismo humanista e bem intencionado de alguns venha a traduzir-se em muita injustiça, muito sofrimento e nenhuma virtude. Veremos, ou verão os que cá estiverem, se a felicidade dos hóspedes da natureza não desaparece perante o espectáculo da miséria no salão, como falava Malthus.
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