quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

ESTOU FARTO DO CHORADINHO DOS DESGRAÇADINHOS DOS GREGOS

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Escolho algumas frases quase ao acaso. Frases de uma espécie de “discurso único” sobre a Grécia em que esta é sempre apresentada como vítima. Vive-se “uma grave crise humana”, escreve-se na carta que 32 personalidades enviaram ao primeiro-ministro. E, claro, não há razão para qualquer “discurso punitivo”, a Grécia não tem culpa de nada. A chanceler Merkel, como sentenciou Mário Soares, é que é a “responsável principal pela desgraça da Grécia “. Tudo por causa de “uma política destruidora”, explicou de seguida o professor Louçã, como agora é apresentado. E, também, por causa do “delírio especulativo” que criou “uma pilha de dívida”, algo que se aplica certamente a um país onde 80% da dívida é hoje detida pelos seus parceiros europeus, país que também paga as menores taxas de juro e até beneficia de um período de carência. Claro que tudo isto coincide e reforça o que Alexis Tsipras diz sempre que tem um microfone pela frente: “devastaram o Estado” e “criaram uma enorme crise humanitária”. Quem o ouve diria que fala do Darfour. [...]

Assim começa um artigo de José Manuel Fernandes, no "Observador", que pode ler aqui. Não sei se Fernandes é totalmente correcto em tudo que escreve, mas estou convicto que acerta muitas vezes na mouche. Em minha opinião, a Grécia e os gregos são casos ímpares na Europa—mais singulares ainda que Portugal e os portugueses, coisa difícil.
Tiro o chapéu a José Manuel Fernandes pela habitual coragem de chamar os bois pelos nomes e não se deixar intimidar, nem embrulhar no sufocante  e castrador  domínio do politicamente correcto imposto por bem pensantes, profetas de fés políticas que são só isso: fés; às vezes fezes.
Leia o leitor, concorde com o que achar bem—se achar—e reflicta sobre o que lhe parece mal. Mas, pelas alminhas, não seja caixa de ressonância de gente como Louçã, Mário Soares, João Cravinho, Freitas do Amaral, Bagão Félix e Companhia Limitada—infelizmente menos limitada do que era desejável.
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