Já todos sabemos o
que conseguiu o Syriza: em vez da troika, passou a haver “instituições”; em vez
do programa, “acordo”; em vez de credores, “parceiros”; em vez de austeridade,
“condições”. Enfim, a transfiguração semântica servirá para muita coisa, mas não
chega para esconder que o Syriza enganou os gregos, quando, para ganhar as
eleições, prometeu que bastava dar dois berros à Merkel para tudo se tornar
fácil. Agora, como todos os mentirosos, resta-lhe continuar a mentir,
recorrendo ao delírio verbal consentido pelos seus parceiros europeus para
inventar “batalhas ganhas” em guerras perdidas.
Na Grécia, à
esquerda e à direita, já muita gente percebeu a “ilusão” encenada por Tsipras e
Varoufakis. Manolis Glezos, o patriarca do Syriza, com um sentido da decência
que os seus correligionários mais novos não têm, pediu entretanto as devidas desculpas ao
povo grego. Há quem diga que ficou tudo na mesma. Não, tudo ficou muito pior,
porque o circo do Syriza deixou a Grécia mais isolada, mais desacreditada, mais
fraca, e mais longe da recuperação económica. O saldo orçamental primário, por
exemplo, já desapareceu. Com inimigos destes, a troika não precisa de amigos.
[...]
Rui Ramos in "Observador"
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