O chamado homem de Neanderthal, descoberto em 1829, não foi nosso antepassado: pertencia a uma família biológica diferente; mas foi o mamífero mais parecido connosco que conhecemos. Fabricava ferramentas, produzia arte e, inclusivamente, acasalava com a nossa espécie—o ADN dos europeus tem cerca de 4% do ADN deles. Desapareceu há cerca de 40.000 anos. Porquê? Ninguém sabe e, quando assim é, há muita gente a saber; ou seja, a eructar palpites.
A explicação mais frequente até há pouco, dizia que
eram inferiores a nós, tão brutinhos que não foram capazes de se orientar, face
às dificuldades da vida—Passos Coelho ainda não era nascido, note-se. A verdade é
que tal teoria compara-os com o homem actual, com exemplares como Jorge Lacão e
Isabel Moreira e isso não vale. É preciso compará-los com os Lacões e Isabeis de
então um nadinha mais burros—pouco, mas eram.
Agora vem um senhor chamado Steven
Churchill dizer que, depois de 200.000 anos de existência, os neanderthais foram-se
porque eram poucochinhos—poucochinhos literalmente e não atrasadinhos mentais.
A história deste Churchill é mais ou menos como segue. Há 40.000 anos, ou por aí, o Homo
sapiens domesticou o cão e foi caçar. Começou a comer bem, a prosperar, a
reproduzir-se como os coelhos, para usar uma expressão cara ao Papa Francisco,
e a fazer concorrência aos neanderthais que, por razões obscuras e não
esclarecidas, se não reproduziam tanto. Enquanto muitos H. sapiens permitiam
uma sociedade organizada, com caçadores, agricultores, pescadores,
amola-tesouras-e-navalhas e por aí fora, os neanderthais tinham que fazer tudo,
desde pescar a amolar as tesouras e as navalhas, e foram-se abaixo.
Desapareceram; mas o senhor Churchill não diz se foram comidos pelo H. sapiens,
ou pelos lobos que este domesticou.
É uma história espantosa esta. A ciência é muito linda!
Muito melhor que a Operação Marquês! E sem infracções ao estipulado no Código
do Processo Penal!
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