A moda destrói a beleza e destrói o espírito. Um caixeiro
desenha a lápis, em Paris, um certo chapéu, um certo corpete, umas certas
mangas—e todas, magras e gordas, as loiras e as trigueiras, as altas e as
pequeninas, se introduzem, se alojam, se enfiam naquele molde, sem se
preocuparem se o seu corpo, a sua cor, o seu perfil, a sua altura, o seu peito,
condizem, harmonizam, vão bem com o molde decretado e
chegado pelo correio. Abandonando-se servilmente ao figurino, abdicam a sua
originalidade, o seu gosto. Aceitam uma banalidade em seda—e um lugar comum com
folhos. Uma senhora que não inventa e não cria os seus vestidos—é como um
escritor que não acha e não inventa as suas ideias. Ter a toilette do
figurino, é fazer como os merceeiros que têm a opinião da sua gazeta. Desabitua
o espírito da invenção, da espontaneidade, da liberdade. É uma confissão tácita
de que se não tem espírito, nem fantasia. Seguir um figurino é aprender a
elegância de cor, para a ir recitar na rua; é ter o gosto que se recebeu de
encomenda; é alugar o chique, ao mês; é mandar vir as ideias pelo correio; é o
bom tom por assinatura. Que falta de espírito! e os maridos pagam-no!
In "Uma Campanha Alegre"
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