Brian Millaris é presidente duma consultora de inovação
que trabalha com empresas como a Nike, a Pepsi, a Samsung, o Balclays, etc.
Ontem publicou um artigo na "Wired" online com o título que, traduzido, será "Porque Devemos Planear
Algumas Coisas Difíceis de Usar". Nele apresenta cinco razões para o anunciado
no título de que destaco duas.
A primeira é o que chama "prazer da mestria".
Conta que teve um antigo "Land Rover" cuja caixa de velocidades era
uma roleta russa. Quem não dominasse as características da dita, carregava no
pedal da embraiagem, fazia a mudança e só tinha de esperar que, ao aliviar o
pedal, não estivesse engatado em marcha atrás. Com a prática, adquiria-se o know-how para conduzir o bicho softly,
coisa de todo gratificante, só ao alcance de escolhidos. Segundo Millaris, esta
é uma das vantagens de coisas difíceis de usar. Em resumo, ser mestre no que
seja amplia a inteligência e a intuição—torna tudo mais fluído, acrescenta.
Outra vantagem, de acordo com o excêntrico consultor, é a do que chama "património de exclusividade" e também conta
uma história. Em tempos, Millaris trabalhou para uma empresa que produzia software
para análise de riscos bancários. Mostrava a experiência que os programas
funcionavam muito bem; mas ninguém os comprava. Tal e qual! Porquê?—perguntar-se-á.
Porque uma multidão de burocratas que dominavam os métodos clássicos de enviar
e receber montes de emails, cujo conteúdo era vertido em folhas de Excell e
depois estudados durante horas ou dias, não abdicava do exclusivo na prática da
análise do risco—eram peritos numa ciência cuja exclusividade era seu
património. Nem era bem o problema do emprego—ou desemprego—que estava em causa.
Era um problema de amor próprio que todos percebemos.
Em resumo, facilitar muito a vida nem sempre é boa ideia.
Um nadinha de trapalhada e dificuldade e o facto de saber ultrapassar situações
faz bem ao ego. Nada como fazer contas com papel e lápis, coisa que dentro de
poucos anos ninguém vai saber fazer.
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