segunda-feira, 1 de junho de 2015

POLONESES E POLONESAS

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Se uma natural da Polónia é polaca, porque não é a natural da Estónia estaca?
Acha a pergunta estúpida? Tenho a certeza que acha e é estúpida. Deve haver razões, talvez etimológicas ou coisa parecida, para o facto. A pergunta vem, no meio de muitas outras do género, num mail que recebi hoje mas é só dela que quero falar porque me lembrou outra coisa.
No Brasil, o termo polaco e polaca não é usado habitualmente porque, por razões obscuras, é considerado pejorativo—dizem polonês (!) e polonesa (!).
Um estudioso da língua conta que um dia, numa reunião com participação do público, depois de falar de polacos, foi interrompido por um participante de origem polaca que ameaçou abandonar a sessão se ele continuasse a usar o termo. Interrogado porque razão reagia daquela forma, explicou: "Meu pai sempre dizia que não aceitasse ser chamado assim, porque esta palavra era muito feia e que significava burrice e que éramos filhos da puta". Voilà!
Estamos em face dum problema semelhante ao da "bicha" que no Brasil se usa para designar homossexuais e se tornou tabu—lá e estupidamente também cá.
Por mim, continuo a usar tranquilamente o termo bicha em todo o lado e só não o faço em lugares finos porque não os frequento (graças a Deus). Mas considerando a subserviência portuguesa em relação ao Brasil—veja-se o aborto ortográfico—é bem possível que em breve os polacos passem a ser poloneses e as polacas polonesas.
Será que ninguém pode fazer nada para o evitar? Receio bem que não. Já me aconteceu, em noite de pesadelo, ouvir Sampaio da Nóvoa perorar, na qualidade de Presidente da República À Beira De Um Rio Triste, dissertando sobre as virtudes do povo polonês. Ai disserta, disserta! Capaz disso é ele.
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