quarta-feira, 3 de junho de 2015

SER OU NÃO SER LIVRE ?

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Estar aberto a toda a opinião, mesmo à que não bate certo com os nossos vieses intelectuais e afectivos a que chamamos valores, convicções, fés, ou crenças, é prova de inteligência. Por exemplo, o livre arbítrio é um putativo traço da nossa mente, significando que somos capazes de optar pelo comportamento patati ou pelo comportamento patatá, em função de valores, convicções, fés ou crenças a que aderimos livremente.
Aderimos livremente? Somos todos feitos de quarks e leptões iguais que obedecem às mesmas leis da Física, estejam na rocha da montanha, na água do oceano, no rabo da lagartixa, ou no encéfalo do senhor Blatter. Porque pode o senhor Blatter controlar o fruto do trabalho dos quarks e leptões do seu encéfalo e um calhau não pode fazer o mesmo? Ou pode? Suspeito que não. E o senhor Blatter também não pode.
Indo por aí, o futuro é tão fixo como o passado; isto é, não conseguimos condicionar o futuro, da mesma forma que não conseguimos alterar o passado. O presente não existe—é apenas uma linha imaginária que separa artificialmente passado e futuro.
Chegados aqui, concluímos que livre arbítrio é expressão sem significado—uma ilusão embutida no nosso sistema legal e moral, uma fantasia sem nenhum significado lógico.
Tem dúvidas? Eu tenho. Muita gente tem também. Distinguir o que é viés e razão neste caso é muito complicado. Os detractores do livre arbítrio dizem que o ónus da prova é de quem os contesta e que a eficácia dos enviesados não se tem revelado brilhante. Para gáudio dos filósofos, acrescento.
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