Vivemos no mundo da inteligência artificial, ou quase, diz-se. Os computadores estão a substituir o homem—com clara superioridade—nos robots da indústria, na monitorização de doentes em hospitais, na navegação aérea, marítima e terrestre, no controlo do tráfego urbano e num ror interminável de outros trabalhos. Afirma-se aqui e ali que já dominam o mundo e estão em vias de fazer do cérebro humano um fóssil da inteligência.
Mas, como máquinas humanóides, não são os computadores apenas extensões dos nossos cérebros? Produtos da nossa inteligência, são indissociáveis dela. O que está a nascer neste momento—ou já nasceu—é um homem novo caracterizado pelo domínio duma tecnologia que criou e o faz ainda mais inteligente.
É um ser de certa
forma artificial, melhor dizendo, não natural. Como é não natural na
esperança de vida—um homem de 70 anos tem hoje a probabilidade de morrer que
tinha um de 30 na era das cavernas. Pode voar sem ter asas, mergulhar sem ter
guelras, produzir partes do corpo em laboratório, sobreviver a doenças mortais,
voltar à vida depois de morto, comunicar com semelhantes a milhares de
quilómetros de distância, mudar o cursos de rios, ser concebido numa placa de vidro
e por aí fora.
Não deixa de ser homem por isso. No máximo, diremos que somos
seres menos naturais, o que Gaia Vince, escritora
sobre ciência, tecnologia e ambiente, chama unnatural beings. Unnatural, mas nós mesmos. Tal e qual. Leia aqui.
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