domingo, 2 de abril de 2017

THE MIND OF GOD

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De todas excentricidades da humanidade, a religião pode muito bem ser a mais frustrante. Apesar de ninguém ter produzido um grão de evidência sobre a existência de deuses, as pessoas envolvem-se em comportamentos repetitivos, muitas vezes penosos, sob a impressão de que um ser etéreo, algures, sabe e se preocupa. E, apesar de acreditar ou não, muita gente inteligente consumiu considerável número de calorias tentando desvendar o mistério que é a mente de Deus e as implicações que tem em literalmente tudo.
Assim começa um ensaio do antroplogista Benjamin Grant Purzycki, do Centre for Human Evolution, Cognition and Culture da University of British Columbia, em Vancouver, com o título Inside the mind of God
E, mais adiante: Mesmo gente inteligente diz que Deus sabe tudo, mas são mais lestos a confirmar a sabedoria de Deus sobre informação moral (Deus Sabe que o António trata mal os velhos?) que informação não-moral (Deus sabe que o  David tem luvas pretas?). Mesmo quando respondem sim às duas perguntas, respondem mais rapidamente à primeira — é mais fácil "processar" o saber de Deus no domínio moral.
Para melhor interpretar esta disparidade, foi usado um sistema tipo Big-Brother, chamado NewLand, e feitas as mesmas perguntas. Mesmo respondendo todos os voluntários que o NewLand sabia tudo, respondiam mais depressa que sim se a pergunta dizia respeito a matéria moral que não moral.
Em 2011, o psicólogo Jared Piazza, da Lancaster University, disse a algumas crianças que tinha no laboratório  um fantasma capaz de saber tudo. Embora elas não soubessem muito bem o que era um fantasma, fizeram menos batota nuns jogos que ele lhes emprestou que outro grupo a quem a xaropada do fantasma não tinha sido contada.
É claro que nem todos os deuses são tão moralistas como o Deus de Abraão. Nem todos os deuses se preocupam com a forma como nos tratamos uns aos outros; nem todos os deuses sabem tudo; nem todos castigam por violarmos as regras; nem se preocupam com que acreditemos neles; nem todos são vistos parecidos com o homem.
Quando as ameaças ecológicas ou sociais mudam, as religiões geralmente também mudam.  Os antropologistas consideram há muito tempo que a religião é um reflexo da sociedade. Mas observações mais recentes mostram que a sociedade também é reflexo da religião. Em boa verdade, os dois reflexos são demasiado simplistas. Está em jogo um trio: a religião, a sociedade e a nossa mente.
Nas regiões prósperas, com serviços sociais seculares eficientes e justiça a funcionar, a religião "encolhe". A relação inversa também ocorre: sem serviço social secular eficienete e com justiça fraca, a religião cresce.  No primeiro caso, a obsessão com o que Deus sabe de nós e quanto se preocupa connosco torna-se irrelevante.
Não posso reproduzir o ensaio todo porque, além de já estar com sono, posso ser preso por plágio ou coisa parecida relacionada com essa cangalhada dos direitos de autor. Mas sugiro a quem estiver interessado que leia o original — naturalmente muito melhor que esta resumo — clicando na figura que encabeça o post. É controverso o artigo? Oh se é?!!!... Mas está muito bem feito.
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