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A impressionante imagem aqui em cima é uma fotografia de 1970 que mostra o Chanceler Alemão Willy Brandt ajoelhado em frente do memorial dos mortos na Revolução de Varsóvia, manifestando assim, de forma quase comovente, contrição pelos actos praticados pelos nazis na Polónia, na Segunda Guerra Mundial. Encabeça um artigo que se ocupa do complicado problema do pedido de perdão pelas nações responsáveis por actos impróprios, para usar uma expressão "tolerante". E qual nação está livre de tal culpa, ou tem tranquila a consciência histórica? Nenhuma, infelizmente; o que dá bem ideia do que é o Homo sapiens colectivo — como não podia deixar de ser, tão mau ou pior que o individual. É a vida, diria o actual Secretário-Geral da ONU nesta circunstância, e diria bem.
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Olhando para trás, verifica-se que, em termos de arrependimento e desculpas, as nações vão dando uma no cravo e outra na ferradura, mais na ferradura que no cravo. Durante a II Grande Guerra e a seguir ao
bombardeamento de Pearl Harbor, a América "internou" todos os americanos de origem japonesa, juntamente com os japoneses residentes nos Estados Unidos. Que tinham eles a ver com Pearl Harbor? Nada! Muitos estiveram "presos" três anos e, no fim, deram-lhes um bilhete de comboio para regressar a casa e 25 dólares para o café. Desculpas? — ZERO! Obama visitou há não muito tempo Hiroshima, fez um discurso muito bonito mas — desculpas? — nicles!
O arrependimento nacional é mais importante que o individual; afirmação axiomática que não carece de demonstração. Então porque há tanto pudor em dizer aos americanos/japoneses, aos japoneses de Hiroshima, aos negros da África do Sul, aos detidos na Sibéria, e por aí fora, que fizemos uma grande borrada? Acho que é essa coisa do patriotismo, acerca da qual tenho dúvidas se é um culto muito inspirado.
Mas, para terminar, quero dizer que esta conversa frouxa me foi sugerida por um artigo que li hoje e é muito bom, da autoria de Edwin Battistella, professor de linguística e escrita
na Universidade de Oregon do Sul e autor de livro recente com o título
"Sorry About That: The Language of Public Apology", que pode ler aqui (o artigo, não o livro!).
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