sexta-feira, 7 de abril de 2017

RENASCER DAS CINZAS

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Imagine que o mundo, tal como o conhecemos,  acaba amanhã. Há uma catástrofe global, seja o impacto de um asteróide gigante, um holocausto nuclear, uma epidemia viral, ou qualquer coisa do género.
Embora a conversa seja de arrepiar,  não é o fim da humanidade. Nós voltamos! Tarde ou cedo, a paz e a ordem são restabelecidas, como já aconteceu mais vezes ao longo da História. Recomeça o processo de reconstrução. Comunidades estáveis ganharão forma, e começarão a organizar a base tecnológica do progresso.  Mas há uma pergunta pertinente: até onde? Há alguma hipótese da sociedade pós-apocalíptica recuperar o perdido, a civilização tecnológica?
Reflictamos. Até este momento, já consumimos o petróleo bruto (crude) de mais fácil extracção e, particularmente no Reino Unido, a maior parte do carvão. Os combustíveis fósseis são essenciais para a sociedade industrial moderna e para o seu desenvolvimento futuro, como o foram até agora. A pergunta é se uma sociedade privada de combustíveis fósseis pode vingar; ou, melhor ainda: podia a nossa sociedade chegar onde chegou se não tivesse combustíveis fósseis? Teria o progresso parado no Século XVIII, antes da Revolução Industrial?
A conversa e as perguntas — digo eu agora — são de um "amigo da onça" chamado Lewis Dartnell, assalariado da Agência Espacial Britânica, que escreve um artigo notável na AEON Magazine, de Ciência e Filosofia, com o título Out of the Ashes,  traduzível por "Renascer das Cinzas". São mais  de 3.200 palavras, muita "fruta", demasiada "fruta", para O Dolicocéfalo — tal dimensão acabaria com ele: quase todos que chegassem aqui pela primeira vez, nunca mais cá punham os pés; e a verdade é que os leitores habituais do blog são maioritariamente pessoas que não conheço e vieram cá por acaso, provavelmente através do Google-Search.
Mas o longo artigo de Lewis Dartnell aborda os principais problemas que a sociedade iria enfrentar (vai enfrentar?!) e propõe algumas soluções, desde logo as fontes de energia alternativas. Apesar de já bastante desenvolvidas, deixam ainda muitas dificuldades. Curiosamente, porque — também elas — dependem alguma coisa dos combustíveis fósseis para fabrico de componentes e fornecimento de materiais como cimento e compostos para painéis solares. E, por outro lado, fornecem apenas electricidade: calor — igual a zero (só indirectamente); e o calor é fundamental para fabricar cimento, vidro, fertilizantes, medicamentos, tintas e um ror de outras coisas essenciais que são hoje obtidas pela combustão de petróleo e carvão. E também não fornecem compostos orgânicos como plásticos.
A solução será produzir calor para a indústria — substituindo a combustão de petróleo e derivados, de carvão e de gás — a partir da electricidade; má solução diz quem sabe. A questão é: Será possível construir uma civilização industrializada sem combustíveis fósseis? E a resposta é: Possivelmente, mas será muito difícil.
Já vou quase em 450 palavras e não me posso alongar muito mais. Mas recomendo vivamente  a leitura do paper que pode fazer aqui, ou clicando na imagem em cima.
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