No Século
XVIII, Adam Smith escreveu que a admiração surge quando somos confrontados com alguma coisa nova e singular que a
memória não consegue enquadrar na nossa experiência porque não se assemelha a
nada que tenhamos visto ou vivido — suponho que era isto que Adam Smith dizia
por outras palavras. E, na obra em que o dizia, a "História da Astronomia" (1795),
defendia que a admiração era crucial para a ciência, porventura o seu principal
motor — motor de arranque, acrescentaria eu, se Adam me permitisse. No século
anterior, Francis Bacon era menos grandiloquente e referia-se à admiração como
"conhecimento estragado", ou "incompreensão mistificada"
que só a Ciência pode curar. Diga-se que nem um nem outro estavam a pensar na
derrota do Sporting com o Belenenses por 1-3 em Alvalade — o que, em boa
verdade, não admira ninguém — mas em coisas como espaço celeste, astros, constelações,
Universo e sua origem, em Deus, nas pirâmide do Egipto, na arte rupestre e
outras artes e por aí fora.
Na
realidade, Jesse Prinz — que já digo quem é — considera, como principais frutos
da admiração, a Ciência, a Arte e a Religião. E porquê?... Porque qualquer
delas é a tentativa humana de explicar factos, entidades, causas, sentimentos e
mais um par de botas que o Homo sapiens
não percebe. E repare-se como na História aqueles frutos andaram tantas vezes,
e tanto tempo, associados, muitas vezes sobrepostos até. Pense-se na associação
da Arte com a Religião, já perceptível nas pinturas das grutas dos cavernículas
e depois na Arquitectura das grandes catedrais, na música sacra, na pintura de
Michelangelo, rebabá. E como a Religião ora
choca com a Ciência, ora a abraça, verbi gratia
as quezílias de Galileu com o Papado e o aproveitamento do mesmo Papado da
Teoria do Big-Bang para suportar a
explicação metafísica do Genesis, rebabá outra vez.
Em resumo,
Arte, Ciência e Religião são frutos — umas vezes viçosos, maduros e saborosos,
outras podres e mal-cheirosos — da admiração. Por isso, me admiro tanto e gasto
tantos pontos de admiração (ou exclamação, expressão física dela), sobretudo quando
me ocupo de Marcelo "Esteves". É a personalidade que mais
!!!!!!!!!!!!!! me faz usar.
Perguntará quem, incautamente, me esteja a ler: Mas a
que propósito vem este agora com tal conversa? É verdade: é estranha a
conversa. Mas li hoje um ensaio de Jesse Prinz onde estas coisas estão muito bem explicadas e
que o convido a ler também — AQUI
.
Sem comentários:
Enviar um comentário