O
AEON Magazine é uma das coisas mais extraordinária
que a Net tem. Distribuído gratuitamente,
traz-nos diariamente ensaios da gente mais ilustre e ilustrada — sobretudo
(gabardina, não), sobre Psicologia, Engenharia de Pontes e Calçadas, Astronomia,
Política, Economia, Fuga dos Jactos para o Egipto, ou Um Par de Botas. Hoje,
por exemplo, escreve Thomas Dixon, Director do Centre for the History of the Emotions, da Queen Mary
University de Londres. Dixon trata da lágrima — ou das lágrimas, talvez
melhor — sob o título de Obras Hidráulicas, ou equivalente (Waterworks). A ironia do título
convida.
É longa a prosa e não estou aqui para seringar ninguém; mas vou deixar o link e transcrever o início.
É longa a prosa e não estou aqui para seringar ninguém; mas vou deixar o link e transcrever o início.
.
A lágrima é um sinal universal. Desde os tempos antigos, filósofos e cientistas tentaram
explicar o choro como parte da linguagem humana de expressão emocional. Mas, de
facto, uma lágrima, em si mesma, não significa nada. Quando surgem nos olhos,
ou descem pela face, o significado de tais gotas salgadas só pode ser
adivinhado tentativamente por outros se conhecerem mais sobre o contexto mental, social e
narrativo que lhes deu origem.
Choramos na
tristeza, desgraça e no luto, mas também na alegria e no riso. Alguns vão às lágrimas
com piedade pelo sofrimento humano; outros têm lágrimas de raiva pelos
oprimidos. Uma face com lágrimas pode resultar apenas de um bocejo, ou de
cebola picada. À jornalista Harriet
Martineau corriam as lágrimas de ectasia intelectual quando traduzia os poemas
de August Comte. Um amigo meu, entusiasta de comboios a vapor, contava-me que
quando viu a locomotiva recordista "Mallard", no National Railway Museum, tinha chorado. A lágrima é um sinal
universal, não no sentido de que tem o mesmo significado em todas as ocasiões e
lugares. É um sinal universal porque pode significar quase tudo. [...]
.
.
Não vou seringar mais com a minha pobre tradução —
melhor que tudo, e bastante bom, é ler o original porque o homem escreve muito
bem. Pode avançar aqui.
.
Sem comentários:
Enviar um comentário