sábado, 6 de maio de 2017

DE IR À LÁGRIMA

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O AEON Magazine é uma das coisas mais extraordinária que a Net tem. Distribuído gratuitamente, traz-nos diariamente ensaios da gente mais ilustre e ilustrada — sobretudo (gabardina, não), sobre Psicologia, Engenharia de Pontes e Calçadas, Astronomia, Política, Economia, Fuga dos Jactos para o Egipto, ou Um Par de Botas. Hoje, por exemplo, escreve Thomas Dixon, Director do Centre for the History of the Emotions, da Queen Mary University de Londres. Dixon trata da lágrima — ou das lágrimas, talvez melhor — sob o título de Obras Hidráulicas, ou equivalente (Waterworks). A ironia do título convida.
É longa a prosa e não estou aqui para seringar ninguém; mas vou deixar o link e transcrever o início.
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A lágrima é um sinal universal. Desde os tempos antigos, filósofos e cientistas tentaram explicar o choro como parte da linguagem humana de expressão emocional. Mas, de facto, uma lágrima, em si mesma, não significa nada. Quando surgem nos olhos, ou descem pela face, o significado de tais gotas salgadas só pode ser adivinhado tentativamente por outros se conhecerem  mais sobre o contexto mental, social e narrativo que lhes deu origem.
Choramos na tristeza, desgraça e no luto, mas também na alegria e no riso. Alguns vão às lágrimas com piedade pelo sofrimento humano; outros têm lágrimas de raiva pelos oprimidos. Uma face com lágrimas pode resultar apenas de um bocejo, ou de cebola picada. À jornalista Harriet Martineau corriam as lágrimas de ectasia intelectual quando traduzia os poemas de August Comte. Um amigo meu, entusiasta de comboios a vapor, contava-me que quando viu a locomotiva recordista "Mallard", no National Railway Museum, tinha chorado. A lágrima é um sinal universal, não no sentido de que tem o mesmo significado em todas as ocasiões e lugares. É um sinal universal porque pode significar quase tudo. [...]
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Não vou seringar mais com a minha pobre tradução — melhor que tudo, e bastante bom, é ler o original porque o homem escreve muito bem. Pode avançar aqui.
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