O problema do aquecimento global é
abordável de vários pontos de vista. Desde logo, há quem negue — tout
court — que o problema existe, posição aparentemente irrealista se
considerarmos ser pouco provável que as alterações térmicas observadas constituam
apenas parte de meros ciclos climáticos naturais. Também o opinar que há
aquecimento antropogénico mas que tal é inconsequente, ou quase, parece sem
fundamento e mera e imprudente defesa de interesses económicos.
Sendo assim, é ajuizado pensar em
reduzir as emissões de CO2 dentro de limites compatíveis com o desenvolvimento
industrial, o progresso social, a melhoria do padrão de vida de povos a viver ainda
quase "na pedra lascada" e rebabá. Por isso há acordos internacionais,
tentativas de — em comum — seguir normas equilibradas (não
"fundamentalistas") para manter o desenvolvimento social e o
equilíbrio ambiental. Até aqui, vou bem, parece-me.
Falo nisto porque uma das bandeiras
do "Trampas" é rejeitar o "Acordo de Paris", ainda não
percebi bem porquê; se por achar que o aquecimento global é um bluff,
se por achar que o contemplado no dito Acordo não serve o propósito a que se destina
— provavelmente, nem ele sabe muito bem porquê.
O facto é que o Acordo de Paris, que
não conheço em pormenor e tenho esperança de nunca conhecer, parece uma obra
prima de ambientocratas, especialistas em complicar a vida dos outros para
facilitar a vida deles.
Li hoje um artigo em que o problema do
Acordo de Paris é posto em causa. O dito Acordo terá dois defeitos, não tão
pequenos como se diz. O primeiro decorrerá de as suas normas serem de observação
facultativa, o que permitirá a quem o assina não o respeitar "em casa"
— olha para o que eu digo, não para o que eu faço. O segundo respeita à relação
custo/benefício.
Segundo o autor do artigo, MattRidley, conhecido jornalista, escritor, político e zoólogo, se as promessas
feitas pelos Estados Unidos, China, União Europeia e o resto do mundo fossem
cumpridas, até ao fim do Século XXI, a temperatura global subiria menos 0,17
graus Centígrados. Ou seja, no tempo dos nossos netos já adultos, a
temperatura, em vez de ter subido 2, 3, ou 4 graus, teria subido 1.83, 2.83 or
3.83! E com que custo? Pelo menos, grande atraso na descoberta e
desenvolvimento de fontes de energia alternativas por falta de financiamento. Ou melhor, a pergunta é: os
custos da aplicação do Acordo de Paris não vão prejudicar o desenvolvimento de outros meios de substituir a queima de
carvão, petróleo ou gás? Com vossa licença, a porra é essa — é tudo muito
bonito, mas é só na teoria. Na prática, a teoria é outra; já assim dizia um
mestre que tive; e dizia bem.
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