Mais de 50% da energia eléctrica consumida nos Estados Unidos é gerada em centrais térmicas onde é queimado carvão. Se considerarmos que o gás natural é utilizado para produzir 20% daquela energia, concluímos que, pelo menos, 70% da electricidade americana provém da queima de hidrocarbonetos de combustíveis fósseis. O panorama mundial não será muito diferente e, globalmente, deve ser pior. Uma barbaridade!
Mas dada a insaciável apetência do homem pela energia no mundo actual, aqueles números têm de ser aceites como factos consumados para o futuro de médio prazo. Já não será mau se não aumentarem. Então, torna-se necessário, no mínimo, procurar diminuir o efeito ambiental de tais costumes e, por isso, se procuram activamente meios de promover o sequestro do dióxido de carbono lançado para a atmosfera no fumo das centrais. O meio mais racional e natural consiste no reflosteramento, o que se vai fazendo graças ao entusiasmo de alguns carolas, embora o esforço seja minúsculo e os resultados lentos.
É hoje tecnicamente possível, embora com algum custo, separar o dióxido de carbono das restantes emissões das centrais. Não se anulam todos os poluentes, como os óxidos de azoto e enxofre por exemplo, mas capta-se um gás de grande capacidade calorífica, com papel importante no efeito estufa e, alegadamente, no aquecimento global – digo alegadamente no mesmo sentido com que os jurista usam o termo em relação à culpa dos arguidos, antes dos processos transitarem em julgado. O isolamento do CO2, a sua compressão e o transporte são relativamente fáceis do ponto de vista da exequibilidade. A dificuldade reside no destino a dar ao gás, isto é, onde sepultá-lo.
Os oceanos podem constituir enormes túmulos para o dióxido de carbono produzido industrialmente mas há dúvidas sobre as consequências da acidificação da água na fauna e flora marinhas, embora pareça que a inclusão de ferro evita o pior.
As soluções encaradas como mais satisfatórias consistem na injecção em reservas de carvão, pois este fixa o CO2 e liberta gás natural, que pode ser explorado, ou a injecção nos chamados poços de petróleo maduros, que são poços em fim de vida de exploração. O CO2 é injectado por baixo do petróleo, provocando a subida do seu nível e permitindo prolongar temporalmente a extracção. Adicionalmente, pode ser incluído em aquíferos salinos, impróprios para exploração.
Naturalmente que, conhecendo nós a mentalidade maioritária dos grandes empresários, todos estes procedimentos só terão o desenvolvimento necessário numa de duas circunstâncias: quando o panorama geral da Terra for tão mau que eles cheguem à conclusão que ou isso ou a ruína total, ou quando puderem fazer qualquer coisa com o dióxido de carbono sequestrado que lhes renda muito dinheiro.
segunda-feira, 30 de novembro de 2009
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