sábado, 9 de julho de 2011

O CRITÉRIO CIENTÍFICO DA MOODY'S

.
Há poucas ciências exactas. Na realidade, há mesmo dúvidas se há alguma ciência exacta. A resposta à questão depende do grau de exigência que se aplica. Num universo tosco e de baixo rigor, a Física é um primor; e até a Economia é ciência, embora de imperscrutável exactidão. Permite, pelo menos, fazer o mesmo que a História: tentar compreender e explicar factos passados. Como diz a anedota milhões de vezes contada, explicar porque as previsões e os planos que fez estavam errados.
Lembrei-me disto ao ler as declarações da agência de notação de crédito Standard & Poor’s: acredita que Portugal vai cumprir o défice e mantém a opinião e os números relativamente ao nosso País, apesar da classificação da Moody’s. Ou seja, o que uma agência avalia é exactamente o mesmo que a outra avalia e as conclusões são diferentes. Fica claro existir enorme grau de subjectividade nos resultados do trabalho que realizam, o que não é compatível com nenhuma disciplina científica.
A Moody’s tem o palpite que Portugal não vai lá porque a Grécia também não deve ir e nós somos quase tão aldrabões como os gregos. É mais ou menos isto, com números, tabelas e gráficos à mistura, eventualmente algumas equações, muitas potências, se possível negativas, e uma ou outra integral para dar ar científico.
Eu, olhando para Portugal, para o défice, e para esta República a caminho do socialismo, também tenho o palpite que não vamos lá. O parecer da Mody’s pode ter motivações obscuras para favorecer empresas de que é accionista, para atacar o euro e proteger o dólar, para levar a Europa à bancarrota, blá, blá, blá. Não sei; mas de uma coisa tenho a certeza: o critério científico da Moody’s é exactamente igual ao meu.
.

Sem comentários:

Enviar um comentário