O editorial da revista "Science" desta semana, da autoria de Martin Rees, professor do Trinity College de Cambridge e presidente da Royal Society, é um texto de mais de 600 palavras; mas a mensagem é curta, embora de importância definitiva.
Ocupa-se das consequências para a humanidade do avanço científico.
Os cientistas atómicos do Projecto Manhattan durante a II Guerra Mundial voltaram à actividade académica depois da guerra, mas passaram o resto da vida a tentar controlar o poder que haviam criado. Hoje estamos no limiar de novas descobertas capazes de modificar o mundo de forma surpreendente, como o conhecimento do genoma e a capacidade de o manipular, o que vai alterar o perfil epidemiológico de muitas doenças e ter consequências demográficas imprevisíveis num planeta que pode vir a ter muito mais de 9 mil milhões de habitantes no meio deste Século; como o avanço das ciências do cérebro, com o mapeamento das funções cerebrais, incluindo as psíquicas, e a possibilidade de as modificar; ou a criação da inteligência artificial, meio caminho andado para um estilo de vida completamente distinto do actual.
É preciso responder a interrogações suscitadas por estes avanços e ao que já existe. De que modo podemos deixar os computadores invadir a nossa privacidade? Vamos continuar a usar pesticidas ou a cultivar plantas geneticamente modificadas, capazes de resistir à doença? É o nuclear alternativa às energias fósseis, ou definitivamente optamos pelo vento? Quem terá acesso à leitura do nosso genoma? São questões para que os políticos não têm resposta.
Há um colossal hiato entre o que a Ciência permite e o que é prudente e éticamente aceitável fazer. E é aí que deve ser posto o acento tónico na esfera científica; não no avanço permanente, social e filosoficamente desenquadrado. Não é mentalidade de velho do Restelo – é simples bom senso.
Os cientistas atómicos do Projecto Manhattan durante a II Guerra Mundial voltaram à actividade académica depois da guerra, mas passaram o resto da vida a tentar controlar o poder que haviam criado. Hoje estamos no limiar de novas descobertas capazes de modificar o mundo de forma surpreendente, como o conhecimento do genoma e a capacidade de o manipular, o que vai alterar o perfil epidemiológico de muitas doenças e ter consequências demográficas imprevisíveis num planeta que pode vir a ter muito mais de 9 mil milhões de habitantes no meio deste Século; como o avanço das ciências do cérebro, com o mapeamento das funções cerebrais, incluindo as psíquicas, e a possibilidade de as modificar; ou a criação da inteligência artificial, meio caminho andado para um estilo de vida completamente distinto do actual.
É preciso responder a interrogações suscitadas por estes avanços e ao que já existe. De que modo podemos deixar os computadores invadir a nossa privacidade? Vamos continuar a usar pesticidas ou a cultivar plantas geneticamente modificadas, capazes de resistir à doença? É o nuclear alternativa às energias fósseis, ou definitivamente optamos pelo vento? Quem terá acesso à leitura do nosso genoma? São questões para que os políticos não têm resposta.
Há um colossal hiato entre o que a Ciência permite e o que é prudente e éticamente aceitável fazer. E é aí que deve ser posto o acento tónico na esfera científica; não no avanço permanente, social e filosoficamente desenquadrado. Não é mentalidade de velho do Restelo – é simples bom senso.
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