Bill Emmott é antigo editor do "The Economist" e assina periodicamente uma coluna no "The Times". Esta semana fala da esquerda política. Transcrevo a seguir um trecho da última crónica porque vale a pena ler e meditar.
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[...] O problema central, pelo menos da esquerda europeia, é pensar que é progressista e o eleitorado vê-la como conservadora. Em Itália, por exemplo, as sondagens de opinião mostram que o Partido Democrático, esquerdista, é associado à preservação do status quo, enquanto Silvio Berlusconi e os seus aliados da Liga do Norte, de direita, são vistos como lutando pela mudança e dinamização de alguma forma. A esquerda protege os privilégios – parcialmente os seus, mas também os dos que recebem dinheiro público e protecção legal, como os burocrtatas e os sindicatos. O desemprego e o sub-emprego parecem não lhe interessar.
Se a esquerda luta por alguma coisa, deve ser seguramente por ajudar os vencidos nas economias modernas desenvolvidas: ajudando-os a sobreviver, certamente, mas também dando-lhes a chance da mobilidade social e da oportunidade. Parte importante da solução necessita, do meu ponto de vista, da reconciliação definitiva da esquerda com duas palavras ainda consideradas por muitos como exigindo serem manipuladas com luvas: mercado e concorrência. Não mercados desregulados, nem concorrência desenfreada, como mostrou a debacle financeira. Mas mercados asfixiados e concorrência estrangulada não são alternativa.
A razão é de duas ordens: primeiro, mesmo se a principal ferramente dos governos de esquerda continua a ser o dinheiro público, para ajudar os vencidos e distribuir subsídios sociais, os mercados continuam a ser a única forma conhecida de captar receita fiscal para tal. Segundo, porque a mobilidade e a oportunidade serão a retribuição do mérito e capacidade, independentemente do meio e das desvantagens da origem. Meritocracia deve ser uma palavra da esquerda. [...]
Se a esquerda luta por alguma coisa, deve ser seguramente por ajudar os vencidos nas economias modernas desenvolvidas: ajudando-os a sobreviver, certamente, mas também dando-lhes a chance da mobilidade social e da oportunidade. Parte importante da solução necessita, do meu ponto de vista, da reconciliação definitiva da esquerda com duas palavras ainda consideradas por muitos como exigindo serem manipuladas com luvas: mercado e concorrência. Não mercados desregulados, nem concorrência desenfreada, como mostrou a debacle financeira. Mas mercados asfixiados e concorrência estrangulada não são alternativa.
A razão é de duas ordens: primeiro, mesmo se a principal ferramente dos governos de esquerda continua a ser o dinheiro público, para ajudar os vencidos e distribuir subsídios sociais, os mercados continuam a ser a única forma conhecida de captar receita fiscal para tal. Segundo, porque a mobilidade e a oportunidade serão a retribuição do mérito e capacidade, independentemente do meio e das desvantagens da origem. Meritocracia deve ser uma palavra da esquerda. [...]
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Where now for the crisis-hit European Left? ("The Times", 14 de Junho de 2010)
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