domingo, 27 de junho de 2010

A VERVE ASININA

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Portugal promete dar muitas dificuldades à Espanha, dizem os jornais hoje. Começa assim mais um ciclo de asneira jornalística. Os jornais ingleses diziam ontem que a hipótese de apuramento por penaltis estava fora de causa. E esteve de facto; mas por razões que a bravata britânica não esperava.
Não há nada como falar pouco e jogar bem. Vale mais um golo na mão que vinte papagaios a voar. Eu sei: é preciso justificar o custo das viagens à África do Sul, mostrar serviço, e encher papel. Mas isso pode fazer-se com bom senso - que vai faltando.
Portugal tem uma equipa de habilidosos com escasso espírito colectivo e muito pouca auto-confiança. O ego é insignificante e, nesse aspecto, somos pigmeus quando comparados com Espanha ou Argentina, por exemplo. Mas há dias: quando se conjugam alguns factores cuja natureza não está esclarecida, a rapaziada encarreira e chega a brilhar. Pela sucessão aleatória de períodos assim, podemos ir longe.
Mas só os deuses sabem como é. E tenho o pressentimento que os deuses não gostam de jornalistas, porque quando eles embandeiraram em arco, corre tudo mal.
Por favor, senhores jornalistas, metam a viola no saco e aguardem o momento próprio para fazer a festa e dar largas à basófia, se for caso disso. Entretanto, vão-nos dizendo como está o tempo, se chove ou faz frio, e quantos engates estão combinados com o Ronaldo. Por enquanto é o mais avisado.
Bom trabalho.
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