sábado, 3 de julho de 2010

O SOLILÓQUIO DO VATE

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As eleições presidenciais estão previstas para o princípio de 2011. O poeta Alegre, em manobra táctica de antecipação a qualquer eventual concorrente do Partido Socialista, lançou a sua candidatura há tempos; e criou a ele próprio um problema: a necessidade de se manter em campanha a solo por uma eternidade, verdadeiro monólogo do foleiro. Alegre bem que provoca o provável futuro adversário para o tango, como diria esse extraordinário pensador político e poliglota chamado José Sócrates, mas Cavaco, nem sequer candidato assumido, não dá cavaco; e o Senhor de Melo Duarte, mais conhecido por Poeta Alegre, vê-se reduzido ao solilóquio e na perespectiva de assim continuar. É duro ter de eructar diariamente qualquer substância quando não há diálogo e o tempo se arrasta como caracol.
Então, ontem diz Alegre: Uma eleição não é uma coroação e eu estou farto de ouvir dizer que normalmente um Presidente da República que se recandidata normalmente ganha. Mas há sempre uma primeira vez e vai haver uma primeira vez para um presidente que se recandidata e que se calhar vai perder as eleições. Descontando a sintaxe lamentável do parágrafo, inesperada no homem dito de letras, o pensamento é profundo. Aliás, o conceito da oportunidade da primeira vez é caro ao poeta que já o usou dizendo ser linguagem futebolística, sem que ninguém percebesse porque era tal conversa de bola. E também se aplicaria justamente ao seu caso, na hipótese de vir a ser eleito, do que estamos felizmente livres.
Mas mais disse o vate: Aquilo que é essencial é saber que país nós vamos querer depois das eleições presidenciais e se vamos permitir que a direita portuguesa realize o seu velho sonho de ter uma maioria, um Governo e um Presidente da República. Fica claro que Alegre dá como adquirida a vitória da direita nas próximas eleições legislativas bem como um governo da mesma cor, sendo ele a única bóia da esquerda no naufrágio do governo socialista socrático.
Ter de falar sem nada para dizer é duro!...
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