[...] E, num instante, o discurso oficial saltou do orgulho no Tratado de Lisboa e das comemorações da integração europeia para um genérico ódio à Europa "ultraliberal", cujas instituições centrais conspiram contra os nossos "interesses estratégicos" e cujos países membros atiçam as respectivas empresas para nos enxovalhar. É uma atitude bastante mais coerente, não só com os governantes que sempre se sentiram em casa na casa de Hugo Chávez e sobas afins, mas igualmente com os portugueses em geral, os quais, valha a verdade, nunca se sentiram assim muito europeus.
As reacções ao Mundial de futebol, se me permitem a fatídica alusão, têm sido aliás representativas do lugar que nos atribuímos na Terra. Logo que terminou a obrigação ("patriótica", dizem) de "torcer" pela selecção nacional, os entusiastas da bola dedicaram-se ao Brasil, à Argentina, ao Uruguai, ao Paraguai e até ao Gana, que também servia para atingir o objectivo de todos: evitar a vitória de uma equipa europeia. Na televisão, nos jornais, na Internet e nos cafés, peritos e amadores proclamavam com nítida satisfação que este era o campeonato da América Latina, e o desânimo foi grande quando a realidade os desmentiu. [...]
As reacções ao Mundial de futebol, se me permitem a fatídica alusão, têm sido aliás representativas do lugar que nos atribuímos na Terra. Logo que terminou a obrigação ("patriótica", dizem) de "torcer" pela selecção nacional, os entusiastas da bola dedicaram-se ao Brasil, à Argentina, ao Uruguai, ao Paraguai e até ao Gana, que também servia para atingir o objectivo de todos: evitar a vitória de uma equipa europeia. Na televisão, nos jornais, na Internet e nos cafés, peritos e amadores proclamavam com nítida satisfação que este era o campeonato da América Latina, e o desânimo foi grande quando a realidade os desmentiu. [...]
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Alberto Gonçalves in Diário de Notícias
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