Escrevi há dias: para perceber que se está a ser enrolado, não é preciso saber como se está a ser enrolado. A idade, a experiência, e o bom senso bastam habitualmente para ter a certeza que há gato escondido.
A fase em curso do processo do caso Freeport foi encerrada e pariu um rato. Logo surgiram mil sugestões de que havia gato escondido, partidas algumas de pessoas ligados ao processo.
Lê-se e fica-se com a convicção que alguém fez o frete a alguém. Por exemplo, diga o leitor o que lhe sugerem os parágrafos transcritos abaixo, tirados do jornal Público de hoje.
A fase em curso do processo do caso Freeport foi encerrada e pariu um rato. Logo surgiram mil sugestões de que havia gato escondido, partidas algumas de pessoas ligados ao processo.
Lê-se e fica-se com a convicção que alguém fez o frete a alguém. Por exemplo, diga o leitor o que lhe sugerem os parágrafos transcritos abaixo, tirados do jornal Público de hoje.
.
A transferência da chefia da investigação do caso Freeport do Ministério Público (MP) do Montijo para o Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) coincidiu com o surgimento de novas suspeitas sobre uma eventual ligação de José Sócrates ao caso e com o conhecimento, por parte de Cândida Almeida (directora do DCIAP), de que a Polícia Judiciária (PJ) estava a constituir uma equipa de investigação conjunta com a polícia inglesa à revelia do MP.
A transferência da chefia da investigação do caso Freeport do Ministério Público (MP) do Montijo para o Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) coincidiu com o surgimento de novas suspeitas sobre uma eventual ligação de José Sócrates ao caso e com o conhecimento, por parte de Cândida Almeida (directora do DCIAP), de que a Polícia Judiciária (PJ) estava a constituir uma equipa de investigação conjunta com a polícia inglesa à revelia do MP.
.
Num relatório de 131 páginas assinado em 25 de Junho de 2008 pela inspectora Carla Gomes, da PJ de Setúbal, e nesse mesmo dia enviado ao MP, salienta-se que nos documentos apreendidos se encontram e-mails assinados por Hugo Monteiro (primo de Sócrates) onde se fala no "papel importante" da sua família na aprovação do Freeport e nas iniciativas que poderá tomar para "desbloquear o contencioso europeu" motivado por uma queixa da Quercus contra o licenciamento do outlet de Alcochete. Um outro e-mail do mesmo autor, relativo à marcação de uma reunião entre ele e um responsável do Freeport, refere o relatório, foi enviado "com conhecimento a um responsável governamental [José Sócrates] à data dos factos".
Num relatório de 131 páginas assinado em 25 de Junho de 2008 pela inspectora Carla Gomes, da PJ de Setúbal, e nesse mesmo dia enviado ao MP, salienta-se que nos documentos apreendidos se encontram e-mails assinados por Hugo Monteiro (primo de Sócrates) onde se fala no "papel importante" da sua família na aprovação do Freeport e nas iniciativas que poderá tomar para "desbloquear o contencioso europeu" motivado por uma queixa da Quercus contra o licenciamento do outlet de Alcochete. Um outro e-mail do mesmo autor, relativo à marcação de uma reunião entre ele e um responsável do Freeport, refere o relatório, foi enviado "com conhecimento a um responsável governamental [José Sócrates] à data dos factos".
.
No mesmo dia 25, a procuradora do Montijo deu conhecimento telefónico do relatório a Cândida Almeida, que determinou de imediato a transferência definitiva do processo para o DCIAP. Nessa altura, porém, já estava marcada uma reunião entre a PJ e a polícia inglesa que, segundo a carta rogatória enviada pelos ingleses para Lisboa, em Janeiro de 2009, se realizou a 9 de Julho de 2008. Dela resultou a criação de uma equipa de investigação mista entre as polícias portuguesa e inglesa, mas a sua constituição efectiva acabou por ser impedida pela directora do DCIAP.
No mesmo dia 25, a procuradora do Montijo deu conhecimento telefónico do relatório a Cândida Almeida, que determinou de imediato a transferência definitiva do processo para o DCIAP. Nessa altura, porém, já estava marcada uma reunião entre a PJ e a polícia inglesa que, segundo a carta rogatória enviada pelos ingleses para Lisboa, em Janeiro de 2009, se realizou a 9 de Julho de 2008. Dela resultou a criação de uma equipa de investigação mista entre as polícias portuguesa e inglesa, mas a sua constituição efectiva acabou por ser impedida pela directora do DCIAP.
.
De acordo com o Diário de Notícias de ontem, que cita um documento do Serious Fraud Office (SFO) inglês, foi o então presidente do Eurojust, Lopes da Mota, quem avisou as autoridades portuguesas da preparação da equipa mista. Nessa reunião, segundo notas do director do SFO citadas no DN, verificou-se que "os magistrados portugueses estão a bloquear o rumo das investigações que a PJ pretendia" e que era notória a preocupação de Cândida Almeida com o facto de o inquérito visar o possível envolvimento do primeiro-ministro. Na mesma reunião, os procuradores Vítor Magalhães e Paes de Faria, já então responsáveis pelo inquérito no DCIAP, terão confidenciado ao director do SFO que não confiavam na sua superior hierárquica, tendo Vítor Magalhães afirmado ao DN, anteontem, que na reunião da Haia "quem deveria ter participado eram Maria Alice Fernandes e Carla Gomes [que eram quem melhor conhecia o processo na PJ de Setúbal] e não Cândida Almeida".
De acordo com o Diário de Notícias de ontem, que cita um documento do Serious Fraud Office (SFO) inglês, foi o então presidente do Eurojust, Lopes da Mota, quem avisou as autoridades portuguesas da preparação da equipa mista. Nessa reunião, segundo notas do director do SFO citadas no DN, verificou-se que "os magistrados portugueses estão a bloquear o rumo das investigações que a PJ pretendia" e que era notória a preocupação de Cândida Almeida com o facto de o inquérito visar o possível envolvimento do primeiro-ministro. Na mesma reunião, os procuradores Vítor Magalhães e Paes de Faria, já então responsáveis pelo inquérito no DCIAP, terão confidenciado ao director do SFO que não confiavam na sua superior hierárquica, tendo Vítor Magalhães afirmado ao DN, anteontem, que na reunião da Haia "quem deveria ter participado eram Maria Alice Fernandes e Carla Gomes [que eram quem melhor conhecia o processo na PJ de Setúbal] e não Cândida Almeida".
.
Sem comentários:
Enviar um comentário