segunda-feira, 16 de abril de 2012

COBIÇA VELHACA E TOLA

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Esopo é também ele uma fábula. Em boa verdade, parece que não se sabe sequer se existiu, nem se tudo que lhe atribuem é dele. Mas se não existiu, devia ter existido, porque é bene trovato. Hoje estive a ler fábulas de Esopo e fiquei muito mais esclarecido. Diz-se, aliás, que os seus escritos eram dirigidos aos adultos, disfarçados de conversa para crianças. Acho que sim.

Uma mulher velha e cega chamou o médico para a tratar, com a condição de só lhe pagar se recuperasse a vista.
Aceites as condições, cada vez que o médico a visitava, roubava-lhe qualquer coisa, até lhe levar tudo quanto tinha em casa. Depois de ter o que queria, curou a mulher e pediu o pagamento acordado.
A velha, vendo a casa vazia, não pagou. O médico insiste, o pagamento é negado, segue-se o recurso à autoridade. A mulher defende-se: “O que este homem diz está certo. Combinámos que, se me curasse e ficasse a ver, lhe pagaria; mas se não ficasse a ver, não pagava. Ele afirma que estou curada mas, ao contrário, ainda estou cega; porque quando via, eu via a minha casa cheia de coisas boas e valiosas. Agora, não vejo lá nada”.
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