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A palavra alemã
umwelt significa, em sentido geral, ambiente ou meio ambiente. Tem também
significados mais restritos nalgumas disciplinas como a Psicologia, a Biologia,
a Filosofia e outras. Em quase todas está relacionada com a forma como os seres
vivos percebem o mundo que os rodeia, ou seja, o que nesse mundo existe e é
sentido por eles. Por exemplo, achamos estranho como o morcego tem visão tão incipiente,
orientando-se predominantemente pela emissão e recepção de ultra-sons, mas não
pomos o problema em relação ao nosso deficientíssimo olfacto, em comparação com
o da maioria dos cães, que devem pensar de nós o mesmo que pensamos dos
morcegos. E a carraça que vive dependente do sentido do calor e do cheiro a
ácido butírico. E os peixes que só sentem campos eléctricos. E... por aí fora...
Mas, em boa verdade, ninguém se lamenta por limitações
nos sentidos e na avaliação do meio ambiente, e achamos que está tudo perfeito.
Até nos deslumbramos com o que somos capazes de ver, ouvir, cheirar, palpar e degustar.
Conseguimos ver apenas parte menos que insignificante do espectro
electromagnético, que na realidade vai dos raios gama às ondas do rádio, mas
estamos satisfeitos com uns tantos comprimentos de onda e isso nos chega. Não
conseguimos seguir pista que se veja usando o olfacto e não sentimos
necessidade de cheirar melhor. Não “ouvimos” os ultra-sons como o morcego, ficamos
sem orientação no escuro, mas não há problema. E, viva o velho!
Toda a biosfera se adaptou às limitações. É uma lei
da natureza, mesmo em casos desviantes dentro das espécies. O daltónico não tem
senso cromático, calça uma meia de cada cor, e vive tranquilo. Por vezes, nem
percebe como as pessoas não percebem isso.
De facto, nenhum ser conhece a realidade, se a abstracção
realidade existe e é alguma coisa. Penso que não. Existem sim milhares,
milhões, milhares de milhões, biliões de realidades, janelas minúsculas por
onde entra um panorama limitado gerado em qualquer coisa que não sabemos o que é e
poderá ser a tal realidade. Penso mesmo que nunca saberemos. É chato! É a vida!...
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