Já há dias falámos dessa coisa complicada que é a força de vontade. Estávamo-nos a referir então à capacidade de resistir a tentações e dizíamos, porque está escrito por quem estuda essas coisas, que resistir à tentação pode não ser fruto da força de vontade, mas antes de manobra de desviar a atenção do objecto tentador – to control the spotlight. Mas há situações em que a força de vontade intervém de facto: por exemplo, na obstinação em resolver um puzzle, ou aprender a tocar um instrumento.
Em boa verdade, não se compreende muito bem todo o mecanismo da força de vontade. Mas um livro publicado recentemente pelo psicólogo Roy Baumeister traz algumas novidades sobre isso. De acordo com o autor, a força de vontade funciona como um músculo em muitos aspectos. Por exemplo, também sofre fadiga quando é exercida. Se fizermos o exercício de escrever um texto longo com a mão esquerda, ou com a direita para os esquerdinos, no fim somos menos capazes de nos concentrar na solução de um problema de palavras cruzadas ou sudoku. No dia seguinte, contudo, recuperamos a capacidade que havíamos perdido para solucionar o problema. E, tal como a do músculo, a força de vontade pode ser aumentada com o exercício. Pessoas sujeitas a práticas, por exemplo de correcção postural, que levam a sério as regras, acabam por revelar muito mais força de vontade ao fim de algum tempo. E isso é comprovável por provas feitas com rigor científico. De acordo com Baumeister, procurar desligar o “piloto automático” no dia a dia e “navegar manualmente” o mais possível, aumenta muito a força de vontade. E, é óbvio e não necessita de ser explicado, isso tem enorme importância na vida de todos. As pessoas com bom autocontrolo têm menos trapalhadas na vida e minimizam os problemas que todos enfrentamos.
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