quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

BALADA DA INQUIETAÇÂO

O Syrisa foi eleito democraticamente, ipso facto, tem razão—quem sou eu para contestar tal critério? Não contesto. Embora...
Embora me recorde que Hitler chegou ao poder de forma democrática. E também a coligação chefiada por Passos Coelho—que o "democrata" Soares não se cansa de pedir para o Presidente escorraçar—chegou ao poder de acordo com as regras constitucionais. Churchill dizia que a democracia é a pior forma de governo, se... Não dizia que conferia automaticamente lucidez, senso, razão, justeza, rebabá. Ponto.
O Syrisa tem total legitimidade para governar a Grécia. Inerentemente, tem total legitimidade para defender a Grécia dos gatunos plutocratas que a sangram—os mesmo gatunos plutocratas que roubam e sangram Portugal. Por isso, devemos esperar que o Syrisa consiga dar a volta ao texto; desde que tal se traduza em benefício também para nós e não em benefício para gregos e prejuízo para portugueses.
"Ser grego" do ponto de vista exclusivamente "clubista" é mau; muito mau. Deve apoiar-se a Grécia e as suas justa pretensões, mas racionalmente e sem perder de vista o nosso interesse.  Qualquer benesse dada a Tsipras deve ser dada a Passos Coelho e é isso que se lhe exige.
Vem isto a propósito da carta de trinta e tal patetas do costume, entre os quais se contam Bagão Félix—a atravessar uma fase maníaca—e Freitas do Amaral—delfim de Marcelo Caetano e ex-procurador na Câmara Corporativa do "fassismo"—que, se tivesse vergonha, estava calado, carta dirigida a Passos Coelho. E o que diz tal carta? O mais estranho é que não diz nada; e cada entrevista com cada subscritor não acrescenta nada à carta. Ou antes, acrescenta botas que não dão com as perdigotas.
Porque se mantém esta gente em estado de permanente efervescência? A agitação de Soares compreendo porque está senil e com medo que se esqueçam dele. Mas estes patetas, Senhor, porque lhes dais tanta inquietação? Porque padecem assim?  Uma infinita tristeza, uma funda turbação entra em mim, fica em mim presa.
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