Referi-me há dias a um artigo em defesa da homeopatia,
publicado por intitulado filósofo chamado Fernando Belo no "Público".
Em tal peça, Belo compara a homeopatia à
prática da vacinação, ideia peregrina só possível numa cabeça que não sabe do
que fala. Hoje, David Marçal e Carlos Fiolhais respondem no mesmo jornal a
Belo. Acho perda de tempo polemizar com alguém que argumenta como Belo, mas há
uma parte que gostava de salientar naquela resposta, a respeito das vacinas. Diz
assim:
[...] Aplica-se (a vacinação) a doenças infecciosas e
sabemos bem porque funcionam. A homeopatia não funciona, porque não há maneira
nenhuma de poder funcionar.
O opinador espera talvez que surja uma prova que
demonstra a eficácia da homeopatia e que um qualquer avanço mirabolante do
conhecimento justifique o seu modo de acção. É certo que em ciência tudo é
passível de ser posto em causa, face a novas observações ou experiências. Mas nem
tudo está em pé de igualdade. Ninguém espera que se demonstre que a Terra seja plana.
Com a homeopatia passa-se o mesmo: não são necessários mais estudos. Como tão
bem disse Carl Sagan, devemos ter o cérebro aberto a todas as ideias, mas não tão aberto que os miolos nos
caiam da cabeça. [...]
Não conhecia o
dito de Sagan e, por isso, aqui fica. É boa norma. Abrir o cérebro a todas as
ideias é qualidade dos intelectualmente honestos e bem intencionados—até atitude
louvável. Mas manda a prudência que a prática não se generalize. É que muitos dos miolos caídos a gente com a cabeça excessivamente aberta vagueiam pelo mundo para nossa perdição.
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