[...] Anos após Chávez ter decretado o duche de meio minuto, e ao contrário do que sucede nas sociedades subjugadas à selvajaria dos mercados, os venezuelanos, adultos e crianças, libertaram-se enfim das grilhetas burguesas do banho e do asseio em geral. Hoje, um indígena levanta-se da cama onde acabou de encomendar o oitavo filho e, a julgar pelo aspecto e pela fragrância, encontra-se prontíssimo para participar numa manifestação de apoio ao Sr. Maduro. E os que criticam a ausência de leite para empurrar o pão com manteiga do pequeno-almoço referem-se a um falso problema, visto ser dificílimo conseguir pão, manteiga ou, de resto, qualquer refeição decente. Se o capitalismo julgava alienar as massas pelo estômago, enganou-se de novo.
Em larga medida, a Venezuela já desbravou o caminho que na Europa a Grécia (onde o Syriza assume a influência de Caracas) se limita a apontar. O socialismo grego ainda tenta sobreviver com o dinheiro alheio; o socialismo venezuelano mostra o que é viver sem dinheiro nenhum. Nem sequer os 11 mil milhões desviados pelos sobas locais para o HSBC da Suíça. O capitalismo está de rastos. [...]
Alberto Gonçalves in "Diário de Notícias"
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