A
revista "The Atlantic" online
publica hoje um artigo sobre o terrorismo, a propósito da execução do piloto
jordano que foi queimado vivo pelos militantes do Estado Islâmico (pode ler aqui). Tem algumas ideias a reter.
A
primeira é a de que, como escreveu Rapoport em 1984, o terrorismo é um crime
praticado em nome da publicidade de qualquer causa—uma bomba que explode atrai
mais atenção que mil discursos ou imagens. E, como escreveu alguns anos depois Conor
Cruise O’Brien, discursos sobre os actos do terror pelas mais altas individualidades,
sejam presidentes, primeiros-ministros, ministros, reis ou rainhas, são
estímulo para os autores da barbárie, traduzido na reacção: "Estão a ver? Agora dão-nos atenção: estamos
a amolá-los".
Depois vem a necessidade do terror ser um acto que
carece de crescendo permanente. Não pode assumir rotinas sob pena de perder impacto
público. Às decapitações iniciais seguiu-se a praticada por uma criança; depois
vieram as crianças bombistas-suicidas; ataques às próprias crianças, como
aconteceu na escola do Paquistão; a execução do jordano queimado vivo; e
sabe-se lá que mais virá aí. Como se refere na peça, terrorismo comporta-se como toxicodependência:
precisa de aumentar regularmente a dose da droga para obter o mesmo efeito—é a taquifilaxia da Farmacologia.
Finalmente, a noção de que a barbárie carece de ser
adaptada às circunstâncias envolventes. O que tem impacto brutal quando as
vítimas são do primeiro mundo pode passar quase despercebido no terceiro mundo,
como acontece na Nigéria com os massacres do Boko Haram.
Matéria difícil esta. Vivemos na época em que a notícia
corre mundo em cima do acontecimento. A pergunta é: como evitar que o terror se
sirva disso? Ou não se evita, e o resultado está à vista, ou temos o mesmo mundo
a clamar contra a limitação da liberdade de informar.
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