Uma das questões do nosso tempo é a de saber se o livro em papel tem futuro. Conheço pessoas que quase desmaiam ao ouvirem falar nisso. O livro tem enorme carga afectiva associada ao conteúdo, à estética, à tradição e por aí fora e compreendem-se os que o defendem com unhas e dentes. Mas os tempos mudam e, se nos agarrássemos a esses pormenores, ainda hoje andávamos a escrever em pedras com cinzel e martelo. O livro actual, em termos relativos, já não difere muito das Tábuas da Lei. Mais tarde ou mais cedo, acaba nos museus.
Falo nisto porque li hoje que uma universidade nos
Estados Unidos tomou este ano uma decisão: acabaram-se os livros. A aprendizagem
vai ser feita com recurso a materiais digitais grátis, disponíveis na Internet.
A ideia parece catita mas levanta um problema: o do controlo da qualidade dos
materiais.
A Internet é um espaço aberto a todos. Cada um verte lá
toda a qualidade de ideias sem qualquer filtro editorial. Umas são boas, outras
assim assim e outras péssimas. E não estou a falar só de emails: há sites que
não lembram ao careca.
Em face disto, a substituição dos textos impressos em
papel pelos textos digitais vai exigir um trabalho ciclópico de filtragem da
qualidade. É coisa para levar muitos anos a afinar, mas é o futuro seguramente.
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