Na Quinta do Conde, em Sesimbra, ocorreu ontem um
episódio de violência sem qualificação possível: aparentemente, em consequência
de desentendimento por causa de um cão, um homem de 77 anos matou um agente da
PSP, um militar da GNR e um jovem de 23 anos. Estes são os factos, cujos
pormenores não interessam agora.
O que se salienta é que os crimes foram cometidos com uma
espingarda de caça desportiva e, chegados aqui, é a altura de perguntar quantas
caçadeiras existem em lares portugueses. Pergunto isto dado o elevado número de
crimes praticados com esse tipo de armas ao longo dos tempos, nomeadamente nos
chamados casos de violência doméstica, agora frequentes.
Há um ou dois dias, falava eu dos incidentes com armas de
fogo ocorridos nos Estados Unidos e condenava a facilidade com que se compra
uma arma naquele País. Em Portugal, não conheço quais os requisitos para ser
detentor duma caçadeira, mas começo a suspeitar que também se compram e possuem
como os chapéus de chuva e as bengalas.
No caso de ontem na Quinta do Conde, o homem armado tinha
77 anos. Para que quer uma caçadeira um homem desta idade. Se caçar, tem de
tirar um licença regularmente, o que já representa algum controlo. Se não caça,
porque é autorizado a guardar em casa a arma?
É fácil saber quem tem armas e quem caça. E quem não caça, devia
ser intimado a entregar ou a desfazer-se da espingarda que, em última análise,
mostra a experiência, só serve para fazer asneira.
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