Um dos factos preocupantes da
época de Verão é o número de incêndios florestais que ocorrem por todo o lado.
De acordo com as informações divulgadas, este ano já se registaram 10.340 fogos
em florestas de Portugal—é muito fogo, convenhamos.
Naturalmente, tal número
resulta de múltiplas causas, incluindo actos criminosos.
Segundo a Polícia
Judiciária, desde Janeiro já foram constituídos arguidos 60 homens e 5
mulheres, tendo hoje sido "caçados" mais 2. Considerando o número
total de fogos (mais de 10 mil), é bem provável que os incendiários de má fé sejam
muitos mais. Mas mesmo que o número seja 10 vezes superior, ainda ficam milhares
de incêndios com outras origens. E a pergunta é: porque se incendeiam tantas
florestas?
No site da Autoridade Nacional da Protecção Civil, lê-se que as causas
são muito variadas, a maioria de origem humana, quer por negligência, como queimadas,
queima de lixos, lançamento de foguetes, cigarros mal apagados e por aí fora, quer
intencionalmente. Os incêndios por causas naturais, como as trovoadas, são
excepcionais.
Portanto, embora haja muitos bandidos e tarados a atear
incêndios, a causa mais importante parece ser a burrice. Significa isso que
Portugal é uma terra de burros? Talvez seja, mas não se pode afirmá-lo usando o
fenómeno dos incêndios estivais como demonstração. Digo isto porque em quase
todo o mundo, se não mesmo em todo, acontece a mesma coisa.
Acho que o comum dos mortais não se apercebe do perigo
que certos actos e práticas têm no deflagrar dos fogos—é o cigarro atirado pela
janela do automóvel em marcha, o churrasco feito no local do piquenique, a utilização
de máquinas agrícolas cujos escapes lançam faúlhas e
mais um incontável conjunto de factos que se julgam inócuos.
Reconhece-se que é muito difícil inocular tal noção em
todos os encéfalos da população e devemos estar preparados para o drama de que os
incêndios florestais no Verão vieram para ficar por muitos anos. É quase garantido.
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