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A questão do segredo na era da informação é claramente um enorme problema social (e matemático), bem merecedor da nossa atenção.
Quando prevalece o meu direito à privacidade sobre a vossa necessidade de segurança? Está um governo democrático autorizado a praticar diplomacia secreta? Será preferível viver num mundo com garantia de privacidade, ou num mundo sem segredos? Se a resposta é algures entre estas hipóteses, onde traçar a linha divisória?
Estas são interrogações deixadas por Daniel Hillis, engenheiro, cientista, e inventor com mais de 150 patentes registadas nos Estados Unidos, incluindo o conceito de computadores paralelos - na base dos super-computadores - e da tecnologia "Raid Disk Array", para acolher grandes bases de dados, a propósito dos leaks recentes da Wikileaks, pedindo respostas aos membros da "EDGE Foundation"; sendo que estes constituem uma nata de intelectuais de todo o mundo.
Não é possível neste espaço resumir o teor das respostas, ainda que comprimidas ou “liofilizadas”. A título de exemplo, deixo uma passagem de Adrian Kreye, editor da secção “Artes e Ensaios” do "Sueddeutsche Zeitung" de Munique, que diz assim: A matéria do segredo é problema das sociedades, estados e indivíduos desde sempre. De forma global, é um simples dilema. Como proteger a privacidade individual, garantindo ao mesmo tempo a transparência das instituições do poder, sejam políticas, económicas, ou científicas? O nível de privacidade individual e transparência institucional são geralmente proporcionais ao nível de liberdade e democracia. Assim, a resposta é simples: o segredo é a regra geral para os indivíduos; a excepção para as instituições.
Abordagem de mestre; infelizmente demasiado vaga: sem suporte prático. Ainda assim, suficiente para perceber que o material da Wikileaks cumpre papel corrector justo nuns casos e meramente coscuvilheiro, de boudoir, como já lhe chamei, noutros – eventualmente, culpa dos cinco jornais de referência a quem já distribuiu centenas de telegramas diplomáticos que não foram objecto de tratamento adequado na perspectiva noticiosa. Mesmo assim, o balanço da última iniciativa da Wikileaks parece globalmente positivo.
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