NÃO À PRAÇA PÚBLICA !

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O Poeta Alegre—conhecido nos meios mais cultos por «Dr. Manuel Alegre», também por «Conselheiro de Estado e "histórico" socialista», ou ainda por «antigo candidato presidencial»—foi visitar o Zezito. Daqui lhe tiro o chapéu por isso—visitar os presos é uma das obras de misericórdia, além de assistir os enfermos, vestir os nus e enterrar os mortos, entre outras coisas. Neste caso, o Zezito não está morto, graças a Deus, mas já está enterrado: subtilezas catequéticas que não vêm agora ao caso.
Naturalmente o vate falou—e bem, como expectado, porque bem falar é mister dos poetas de 24 quilates como Alegre. Diz o "histórico" socialista que Zezito, como qualquer outro cidadão, não deve ser julgado na praça pública. Palavras sábias estas! A última vez que Zezito foi julgado na praça pública, acabou em Primeiro-Ministro de Portugal e todos esperam que a tragédia não se repita. Agora será julgado justamente por um triunvirato de sábios, com observação rigorosa de todos os rituais da ética republicana. Admite-se que acabe tudo em bem, sem julgamentos na praça pública, na cadeia da Carregueira.

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