Nas grutas de Lascaux, em França, como é sabido, existem
pinturas e desenhos feitos há 21 mil anos. É uma coisa maravilhosa tudo aquilo
e há ainda aspectos mal esclarecidos em relação a alguns pormenores, se se pode
chamar pormenor a qualquer aspecto de Lascaux. Há imagens com dimensões
desproporcionadas em relação a outras próximas e há imagens sobrepostas
diferindo apenas na posição de partes do corpo dos animais—da cabeça por
exemplo.
Jean-Michel
Geneste, curador das gruta, tem uma teoria engenhosa sobre isso, teoria em
estudo e desenvolvimento que faz algum sentido. Segundo ele, as imagens só
devem ser vistas com luz semelhante à que usavam os habitantes da época,
lâmpadas alimentadas por gordura de animais. Tais lâmpadas, de que foram encontrados
dois exemplares, além de emitirem luz fraca com determinada tonalidade,
iluminavam uma área limitada, o suficiente para só se ver parte das imagens.
Então, movendo a lâmpada, podia ver-se apenas um grande bisonte a correr
isolado, por exemplo, seguido por vários
cavalos mais pequenos, alegadamente noutra posição, mesmo distante. E
deslocando a luz sobre as figuras sobrepostas, dá a sensação de movimento, verbi gratia o levantar e baixar da cabeça de um veado.
Não sei até que ponto anda aqui imaginação a mais, mas a
verdade é que a teoria é reproduzível. Lascaux teria sido mais que a banda
desenhada actual; foi o princípio do cinema!
.
Sem comentários:
Enviar um comentário