sexta-feira, 28 de março de 2014

LASCAUX E O CINEMATÓGRAFO

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Nas grutas de Lascaux, em França, como é sabido, existem pinturas e desenhos feitos há 21 mil anos. É uma coisa maravilhosa tudo aquilo e há ainda aspectos mal esclarecidos em relação a alguns pormenores, se se pode chamar pormenor a qualquer aspecto de Lascaux. Há imagens com dimensões desproporcionadas em relação a outras próximas e há imagens sobrepostas diferindo apenas na posição de partes do corpo dos animais—da cabeça por exemplo.
Jean-Michel Geneste, curador das gruta, tem uma teoria engenhosa sobre isso, teoria em estudo e desenvolvimento que faz algum sentido. Segundo ele, as imagens só devem ser vistas com luz semelhante à que usavam os habitantes da época, lâmpadas alimentadas por gordura de animais. Tais lâmpadas, de que foram encontrados dois exemplares, além de emitirem luz fraca com determinada tonalidade, iluminavam uma área limitada, o suficiente para só se ver parte das imagens. Então, movendo a lâmpada, podia ver-se apenas um grande bisonte a correr isolado, por exemplo, seguido  por vários cavalos mais pequenos, alegadamente noutra posição, mesmo distante. E deslocando a luz sobre as figuras sobrepostas, dá a sensação de movimento, verbi gratia o levantar e baixar da cabeça de um veado.
Não sei até que ponto anda aqui imaginação a mais, mas a verdade é que a teoria é reproduzível. Lascaux teria sido mais que a banda desenhada actual; foi o princípio do cinema!
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