quarta-feira, 26 de março de 2014

O PRINCÍPIO QUE NOS REGE

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Em termos cosmológicos, o princípio da mediocridade diz que o Homo sapiens (Hs) não é especial (excluindo o Mourinho, está bom de ver); que o universo não gira à volta do Hs; que a Terra não é um planeta privilegiado sob nenhum aspecto; que o país de cada um não é o produto perfeito de dádiva divina, exceptuando Portugal; que a nossa existência não é fruto directo e intencional de um destino superior; que a sanduíche que comemos ao almoço não foi feita especialmente para produzir a caganeira de que nos queixamos neste momento; que as coisas acontecem em resultado de leis universais naturais a que todos obedecem, sem nenhuma excepção; e que tudo considerado como excepção cosmológica é mero acidente. Mais nada?
Não! Ainda há mais. As regras da hereditariedade, e a natureza da Biologia em geral, fizeram com que  os nossos pais tivessem um filho com uma combinação de genes determinando se somos homem ou mulher, altos ou baixos, com olhos azuis ou castanhos e rebabá, combinação essa fruto de arranjo aleatório de atributos genéticos durante a divisão celular dos gâmetas dos nossos pais, de algumas mutações e de uma corrida de espermatozóides.
Mas não se sinta mal com esta conversa. Afinal, ela aplica-se a todos, incluindo os membros do XVIII Governo Constitucional, Nicolás Maduro, o Emplastro, Jorge de Jesus e Carlos Xistra. Está a ver? A natureza não abre excepções! Trata tudo da mesma maneira, seja o Dr. Soares, seja o Passos Coelho—não está bem, mas é assim e não se pode fazer nada.
Já sei!—está a pensar que não digo coisa com coisa, porque leu ontem aqui um post onde dizia—com orgulho, acrescente-se—que somos habitantes do planeta azul. É verdade. Mas não estou a fazer minhas as palavras do princípio da mediocridade; estou tão somente a servir de veículo ao princípio, enunciado por um senhor chamado Myers, professor na Universidade de Minnesota e blogger quase tão conhecido como eu, através do "Pharyngula", nome de blog pior que "O Dolicocéfalo".
Segundo Myers, o princípio é fundamental na ciência: primeiro estudam-se as grandes linhas, os princípios gerais do universo, e só a seguir os casos particulares e as excepções que levam aos detalhes. Tive um mestre que resumia isto muito bem. Dotado de mau feitio, quando começávamos a "baralhar", dizia com maus modos: acaba com isso—vai do geral para o particular. Fiquei a pensar onde o terá Myers conhecido!
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Notas: i) Pharyngula—ou faríngula, em português—é um estado do desenvolvimento do embrião. No quadro em cima, corresponde à fileira superior de vários animais. ii) O blog de Myers, concorde-se ou não com ele, vale a pena ser lido; sobretudo porque explica conceitos complicados de Biologia de forma muito clara. Mas atenção: Myers é "rebarbativo" e tem mau feitio.
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