Copérnico deu o pontapé de saída a uma ideia comum actualmente:
quanto mais sabemos do universo, menos importantes nos sentimos. De um planeta
que ocupava o centro do mundo, passamos a um planeta insignificante e periférico
de uma galáxia que representa quase nada, a gravitar em
volta de uma estrela de segunda ou terceira categoria. Deixámos de ser a razão
do universo dos antropocentristas, para sermos apenas mais um um fenómeno entre outros.
Mas mesmo dando de barato que existe vida num canto
qualquer, há grande diferença entre vida tout court e vida inteligente, como é
a nossa, embora às vezes não pareça. Vida inteligente envolve capacidade de
transformar matéria em objectos úteis, capazes de desempenhar funções que nos
servem, sejam eles um martelo, um radar, um computador, um foguetão,
um satélite artificial. E não é certo que o difícil é nascer a vida,
porque depois é só esperar até vir a inteligência, aptidão inevitável na
evolução dos seres vivos. A evolução pode estar na fase da minhoca, do caracol, da
jibóia, ou do cão e nunca chegar ao ser inteligente.
Na verdade, quando se olha para a Terra, tem de se
concluir tratar-se de um fenómeno especial: tem a atmosfera estável, protectora e rica em oxigénio há milhões de
séculos; a inclinação do eixo estabilizada pela presença de um volumoso e único satélite; a camada de ozono capaz de filtrar radiações que nos matariam a
todos; o campo magnético a defender-nos da radiação cósmica; uma estrela estável a iluminá-la e aquecê-la
e pouco dada a soprar fortes ventos de plasma;
placas tectónicas e rebabá.
E se há outra vida inteligente, é quase seguro que está a
distância não alcançável. Em termos práticos, é como se não existisse, circunstância
que faz de nós únicos, com uma centralidade muito mais significativa que todas
as outras, nomeadamente a inspirada pela religião da era pré-Copérnico. Indiscutivelmente, somos
únicos e disso nos devemos orgulhar e com isso nos devemos congratular!
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