terça-feira, 23 de setembro de 2014

É PRECISO TER TOPETE !

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Citava há dois dias a prosa inconcebível de Miguel Sousa Tavares no "Expresso" sobre o delíquio do BES, em que falava da sanha de castigar os Espíritos  e dizia, sobre o Banco de Portugal: num mês e meio conseguiu reduzir a quase nada tudo o que um banco com um século e meio de existência tinha de bom, rebabá. Quem é mestre em abater personalidades, precisa ter topete para vir com tal conversa.
Hoje, no "Público", João Miguel Tavares zurze—bem zurzido—o "avô dos netos de Ricardo Salgado" e termina assim:

[...] Devo confessar que foi esta “sanha de castigar os Espíritos” que me fez saltar a tampa e voltar a um tema que tenho abordado incessantemente nestas páginas. Porque, se é verdade que muita coisa se pode criticar ao Governo e ao Banco de Portugal, e se é igualmente verdade que a solução do Fundo de Resolução pode vir a correr mal, atribuir a derrocada do BES a uma “sanha de castigar os Espíritos”, como se eles fossem os novos Távoras e Carlos Costa tivesse mandado salgar o chão da Comporta após a sua decapitação, só pode ser brincadeirinha. E uma brincadeirinha difícil de engolir vinda de um amigo da família que durante dez anos esteve calado, enquanto pilhas e pilhas de trafulhices envolvendo o nome do BES se iam acumulando nos tribunais e nos jornais. O BES caiu, sim, mas pela razão oposta àquela que Miguel Sousa Tavares sugere: não por qualquer intuito absurdo de perseguição, mas porque demasiados confiaram, durante demasiado tempo, no nome Espírito Santo.
A vitimização da família mais poderosa do país é ridícula e ofensiva. Muitos favoreceram-nos nos negócios—e alguns, como se vê, continuam a favorecê-los nos jornais.

Muito bem, como diria o Dr. Soares nas suas prosas inspiradas.

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