Citava há dois dias a prosa inconcebível de Miguel Sousa
Tavares no "Expresso" sobre o delíquio do BES, em que falava da sanha
de castigar os Espíritos e dizia, sobre
o Banco de Portugal: num mês e meio conseguiu reduzir a
quase nada tudo o que um banco com um século e meio de existência tinha de bom,
rebabá. Quem é mestre em abater personalidades, precisa ter topete para
vir com tal conversa.
Hoje, no "Público", João Miguel Tavares zurze—bem
zurzido—o "avô dos netos de Ricardo Salgado" e termina assim:
[...] Devo confessar que
foi esta “sanha de castigar os Espíritos” que me fez saltar a tampa e voltar a
um tema que tenho abordado incessantemente nestas páginas. Porque, se é verdade
que muita coisa se pode criticar ao Governo e ao Banco de Portugal, e se é igualmente
verdade que a solução do Fundo de Resolução pode vir a correr mal, atribuir a
derrocada do BES a uma “sanha de castigar os Espíritos”, como se eles fossem os
novos Távoras e Carlos Costa tivesse mandado salgar o chão da Comporta após a
sua decapitação, só pode ser brincadeirinha. E uma brincadeirinha difícil de engolir
vinda de um amigo da família que durante dez anos esteve calado, enquanto
pilhas e pilhas de trafulhices envolvendo o nome do BES se iam acumulando nos
tribunais e nos jornais. O BES caiu, sim, mas pela razão oposta àquela que
Miguel Sousa Tavares sugere: não por qualquer intuito absurdo de perseguição, mas
porque demasiados confiaram, durante demasiado tempo, no nome Espírito Santo.
A vitimização da
família mais poderosa do país é ridícula e ofensiva. Muitos favoreceram-nos nos
negócios—e alguns, como se vê, continuam
a favorecê-los nos jornais.
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